sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Irmãos só mudam de endereço...

























Quem tem filhos que já passaram da primeira infância conhece bem essas palavras: Saia daqui ! Seu chato! Cala a boca! Quem mandou você pegar? Idiota! Você vai ver! E daí por diante... São brigas sem fim, por espaço no sofá, pelo uso do quarto, por roupas, por objetos, por ofensas que um dirige ao outro...
Os pais ficam desgostosos e pensam que os filhos deveriam ser mais unidos. Mas é justamente essa a questão: irmãos com idades mais próximas, ou que ficaram mais juntos nos primeiros anos, tendem a brigar mais. Estão, de certa maneira, próximos demais !!!
Se no início eles compartilham amor, atenção, cuidados e disputam o espaço junto aos pais, na medida em que o tempo passa, é necessário que cada um marque um espaço próprio, e cuide para que as fronteiras não se apaguem. Quando entram na puberdade, precisam defender cada centímetro do que é seu. É compreensível se pensarmos que nessas idades o que está em jogo na vida é a definição da nova identidade, que se constrói também pela apropriação do espaço e dos objetos.
A sexualidade se intensifica, trazendo anseios e perigos para quem precisa dominá-la. Por isso, os contatos corporais adquirem novas características, bem diferentes daquelas da infância. Muitos deixam de ser carinhosos como eram, evitam até de se tocar.
Lembremos que a briga, agora muito mais verbal, é uma maneira de se definir diante do parceiro e ficar 'independente'. Nesse sentido ter irmãos é uma oportunidade para esse exercício, e eles sofrem uma espécie de atração por essa atividade. É comum ouvirmos os pais dizerem: ' deixa seu irmão, ou sua irmã em paz', pois percebem que os filhos estão sempre fazendo uma provocação, chamando para mais uma contenda
É interessante que os adultos fiquem vigilantes para intervir se for necessário protegê-los. Porém, é bom deixar que os irmãos resolvam suas questões e isso vale para os pequenos também. Com as brigas aprendem muito, inventam regras, regulam a agressividade, avaliam a força que têm, descobrem as conseqüências do que fazem, perdem a parceria, negociam a paz. Sim, porque irmãos são parceiros tanto para se divertir, ter cumplicidade, quanto para brigar e enfrentar problemas.
Os adultos podem ajudá-los reconhecendo as individualidades, favorecendo a percepção de que se há diferença, há espaço para todos.

Marcia Arantes e Helena Grinover
Caso seu filho apresente um sofrimento persistente, marque um horário para conversar.

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