Era uma vez...uma família com dois irmãos. O caçula de 5 anos dizia, chorando: 'Meu irmão não gosta de mim, não deixa eu brincar com os amigos dele e não empresta os brinquedos.' O mais velho, no auge dos seus 8 anos, retrucava: 'Ele só fala besteira, é bobo, atrapalha a brincadeira'. Tudo isso permeado por tapas, empurrões, socos. A mãe se compadecia do menor: 'Não brigue com seu irmão, deixe ele brincar também.' 'Por que os amigos não podem ser dos dois?'
Os irmãos têm de compartilhar os mesmos pais, o espaço físico, as atenções, as oportunidades, entretanto eles são absolutamente diferentes em suas necessidades, interesses, competências, fases do desenvolvimento. Inevitavelmente isso gera conflitos e disputas. Podemos entender que, aos olhos de um garoto de 8 anos, o irmão de 5 'só fale besteira'.
É difícil para os pais verem seus filhos sempre envolvidos nessa árdua empreitada de se juntar e separar. O sonho é de que tudo pudesse ser dividido na maior harmonia: os amigos, os brinquedos...
Entretanto, apesar das cenas como essa do nosso exemplo, haverá muitos momentos em que os adultos se surpreederão vendo os irmãos brincando juntos, carinhosos, ou até se defendendo mutuamente diante de alguma 'ameaça externa'. São os mesmos que, há minutos, pareciam se odiar?
Essas alternâncias entre amor e ódio são comuns e esperadas na infância. É interessante lembrar que nas brigas as crianças se diferenciam, se afirmam, e o fazem de maneira completamente diversa daquela dos grandes. São embates que não têm as mesmas consequências que para os adultos. Irmãos que brigaram bastante na infância muitas vezes se relacionam bem depois de crescidos.
A aflição dos pais é compreensível, mas pode dificultar as coisas... Exigir que o mais velho sempre ame o irmãozinho, ou vice-versa, poderá aumentar o sofrimento e a culpa em ambos, o que terminará por afastar mais do que aproximar. Para ajudá-los mudar essa estória de que 'um não gosta do outro' é importante não tomá-la ao pé da letra e aceitar que nesse reino encantado da fraternidade, não há felicidade e paz que sejam para sempre...
Marcia Arantes e Helena Grinover
http://vivazpsicologia.blogspot.com.br/p/servicos_22.html
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