terça-feira, 27 de março de 2012

Meu irmão não gosta de mim!

Era uma vez...uma família com dois irmãos. O caçula de 5 anos dizia, chorando: 'Meu irmão não gosta de mim, não deixa eu brincar com os amigos dele e não empresta os brinquedos.' O mais velho, no auge dos seus 8 anos, retrucava: 'Ele só fala besteira, é bobo, atrapalha a brincadeira'. Tudo isso permeado por tapas, empurrões, socos. A mãe se compadecia do menor: 'Não brigue com seu irmão, deixe ele brincar também.' 'Por que os amigos não podem ser dos dois?'

Os irmãos têm de compartilhar os mesmos pais, o espaço físico, as atenções, as oportunidades, entretanto eles são absolutamente diferentes em suas necessidades, interesses, competências, fases do desenvolvimento. Inevitavelmente isso gera conflitos e disputas. Podemos entender que, aos olhos de um garoto de 8 anos, o irmão de 5 'só fale besteira'.

É difícil para os pais verem seus filhos sempre envolvidos nessa árdua empreitada de se juntar e separar. O sonho é de que tudo pudesse ser dividido na maior harmonia: os amigos, os brinquedos...

Entretanto, apesar das cenas como essa do nosso exemplo, haverá muitos momentos em que os adultos se surpreederão vendo os irmãos brincando juntos, carinhosos, ou até se defendendo mutuamente diante de alguma 'ameaça externa'. São os mesmos que, há minutos, pareciam se odiar?

Essas alternâncias entre amor e ódio são comuns e esperadas na infância. É interessante lembrar que nas brigas as crianças se diferenciam, se afirmam, e o fazem de maneira completamente diversa daquela dos grandes. São embates que não têm as mesmas consequências que para os adultos. Irmãos que brigaram bastante na infância muitas vezes se relacionam bem depois de crescidos.

A aflição dos pais é compreensível, mas pode dificultar as coisas... Exigir que o mais velho sempre ame o irmãozinho, ou vice-versa, poderá aumentar o sofrimento e a culpa em ambos, o que terminará por afastar mais do que aproximar. Para ajudá-los mudar essa estória de que 'um não gosta do outro' é importante não tomá-la ao pé da letra e aceitar que nesse reino encantado da fraternidade, não há felicidade e paz que sejam para sempre...

Marcia Arantes e Helena Grinover
http://vivazpsicologia.blogspot.com.br/p/servicos_22.html

domingo, 18 de março de 2012

Nós na Cia das Mães

'Minha mãe é bem calma, ela só fica estressada com o trabalho...' Esta é a frase de um garoto de nove anos, falando da dificuldade de sua mãe quando problemas profissionais chegam por telefone e interrompem a tranquilidade da vida doméstica.

'Mãe, acho melhor você ir trabalhar', frase de uma garota de sete anos quando sua mãe estava em casa e muito irritada com o cachorro que sujou no lugar errado.

As mães são solicitadas a atender pedidos vindos de lugares e pessoas diferentes ao mesmo tempo. Sabemos que não há uma maneira única e boa para todas de arranjar tudo isso. A melhor solução para a mulher, e portanto para a famíla, é absolutamente pessoal, como indicam esses exemplos. Ficar em casa sentindo-se infeliz, sem condições emocionais para cuidar dos filhos, não beneficia ninguém. Por outro lado, deixar as crianças pequenas e ir trabalhar fora, pode trazer um sofrimento desnecessário, se houver uma opção economicamente viável.

Trabalhar fora ou dentro de casa? Como ganhar dinheiro? O que é melhor para as crianças? As soluções tem que ser criativas e corajosas para atender tantos interesses e trazer um certo conforto a todos. As mulheres, pelo lugar que ocupam na nossa cultura, têm sido as mais sobrecarregadas nessa busca por alternativas, especialmente em países como o nosso.

A 'Cia das Mães', com sua proposta inovadora, tem o grande mérito de abrir mais uma dessas oportunidades. É com satisfação que nós, do 'educar é "a"questão', passamos a integrar os conteúdos do seu site, http://www.ciadasmaes.com.br/

Queremos contribuir sempre mais e para isso esperamos receber sugestões e comentários de todos que desejarem se juntar nessa grata e difícil missão de educar bem os nossos pequenos cidadãos .

Helena Grinover e Marcia Arantes

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sexta-feira, 9 de março de 2012

Tô com medo!!!


















'Não vou pro banheiro, lá tem a 'loira do banheiro!' ' Deixa a luz do quarto acesa, no escuro tem monstro!' 'Tenho medo de passar nesse corredor sozinha, a bruxa mora aí'.
De nada adianta explicar que bruxa não existe, ou que não tem monstro no quarto. O medo persiste e a reação da criança não deixa a menor dúvida de que está realmente apavorada. Curiosamente, todos esses personagens amedrontadores podem sumir se um adulto em quem a criança confia estiver junto. Estas mesmas crianças pedem que lhes contem infinitas vezes as estórias da Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho, Três Porquinhos, e morrem de medo da Madrasta, do Lobo Mau...Tapam os olhos e os ouvidos, mas ficam ali.
As estórias de medo contadas pelos adultos atraem e ajudam as crianças. Por quê? Há muitas respostas, vamos nos ater a uma que nos parece importante.
Embora o medo apareça durante a narração, a situação do 'faz de conta' e a esperança de um final feliz protegem o ouvinte que, desta maneira, pode 'viver a aventura' com mais coragem do que na vida real.
A criança, na sua imaginação, se relaciona com esses personagens 'maus', conversa com eles, enfrenta, desafia, vence os vilões. A partir disso, descobre maneiras de suportar o que de fato a amedronta: sua própria fragilidade. Nas estórias, o porquinho constrói uma casa mais forte, a madrasta invejosa perde o poder, o lobo mau é derrotado. Elas mostram os caminhos se abrindo para que o destino das personagens encontre uma saída satisfatória.
É importante que os momentos de pavor sejam respeitados, não sejam tratados como 'invenções ridículas', 'bobagens', ou com a atitude de ' é bom não dar atenção'. E pode ser mais eficaz, no lugar de dizer que 'na realidade fantasmas não existem', perguntar ' o que fazem os fantasmas' ou 'o que podemos fazer com eles', abrindo espaço para conversas que geram saídas...

Marcia Arantes e Helena Grinover

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sábado, 3 de março de 2012

É hora de tirar as fraldas?


'Meu filho tem um ano e dez meses. Agora começou a dizer "xixi mamãe" ou então "cocô mamãe", mostrando com a mãozinha o cheiro ruim. Quando entra no banheiro pega papel higiênico, enrola na mão e mostra onde deve limpar . Está na hora de tirar a fralda?'
Tirar as fraldas dos nenês é uma passagem importante que envolve sentimentos e pensamentos díspares tanto dos grandes quanto dos pequenos, por isso não há uma única maneira de fazer. A urina e as fezes enquanto permanecem dentro das fraldas não estão completamente separadas do corpo; deixá-las cair no penico e perceber claramente que estão se destacando é uma experiência reveladora que inclui perdas e ganhos.
Um ganho é a liberdade que a criança obtém, deixando de ser higienizada por outra pessoa que a pega, segura, vira, etc. De agora em diante pode ser mais dona de seus movimentos. Ela também fica contente por satisfazer ao adulto que recebe com festa o xixi e o cocô. Porém, para que isso ocorra, o pequenino tem que lhe entregar seus produtos corporais preciosos perdendo o que antes podia guardar por um certo tempo. Se antes esvaziava a bexiga e os intestinos quando e onde quisesse, agora deve segurar seus conteúdos e ir até o lugar determinado pela sociedade.
Exercer domínio sobre o corpo, retendo fezes e urina, é um dos prazeres dessa idade, faz parte da brincadeira... Mas, justamente agora que ele consegue essa façanha, será solicitado a limitar esse prazer, e aí está outra possível sensação de perda.
Geralmente, a proposta de tirar as fraldas parte dos grandes, mas também pode vir da criança, que pede para ficar sem elas. Não há uma idade certa para isso. A mudança acontece de maneira muito variada, alguns fazem as necessidades insistentemente nas calças, outros vão acertando desde o início, às vezes ficam tensos, assustados... A reação do adulto interfere no processo e o resultado final dependerá dos dois.
O desejo dos pais de acabar logo com o trabalho de limpar, ou de fazer o bebê crescer rapidamente porque a vida exige, pode dificultar e prolongar o processo. Tudo ficará mais tranquilo se a criança já tiver a capacidade de se despedir do xixi e do cocô, e maior domínio sobre seu corpo. Um bom critério para decidir se está no momento de começar é verificar se ela já consegue expressar verbalmente o que quer.
As mães, pais, educadores conhecem seus nenês, podem escutar o que dizem, observar o que fazem, como revela a mamãe do nosso exemplo. Ela percebe o interesse de seu filho pelo assunto e muito sabiamente se pergunta sobre a hora certa. Um ano e dez meses nos parece cedo, mas cada bebê é um...

Helena Grinover e Marcia Arantes
Caso seu filho apresente algum sofrimento persistente, marque um horário para conversar.
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