terça-feira, 10 de julho de 2012

Os pais precisam errar...

Marília tem seis anos e está sendo alfabetizada. Sua mãe, que se encontra em viagem, escreveu-lhe uma carta. O papel é cheio de desenhos coloridos, letras enfeitadas e as palavras bem escritas dão parabéns à filha por suas conquistas recentes. A garota fica um bom tempo séria, analisando o texto... Alguém lhe pergunta o que houve e ela responde que na última linha a mãe fez um erro, trocou uma letra.
As crianças pequenas choram ou ficam bravas quando os pais não atingem suas expectativas. Mas há um momento em que elas parecem fazer questão de apontar e denunciar as 'falhas'. Agora já se sentem suficientemente seguras para poder vê-los assim, menos idolatrados. 
Na nossa história, Marília está atravessando as dificuldades normais do processo de alfabetização. Diante de uma carta tão 'linda e maravilhosa' precisou bater os olhos justamente no pequeno erro cometido por sua mãe. Nesse momento, ela está também querendo ver a reação dos adultos. Caso se mostrem tolerantes quanto aos próprios erros dizendo coisas do tipo: 'é mesmo, bem observado; vale um esforço para escrever corretamente na próxima ', ajudarão a menina a suportar os tropeços do caminho.
Essa atitude de aceitar as críticas e observações das crianças propicia a elas maior liberdade e sentimentos de confiança no futuro. Trata-se de oferecer-lhes, no lugar de discursos, a experiência do 'errar é humano', sem sofrimentos exacerbados para a situação. A busca pelo sucesso pode então ter mais leveza e desprendimento...

Helena Grinover e Marcia Arantes

vivazpsicologia.blogspot.com.br

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