Na saída da escola, duas mães conversam: "A professora me chamou e disse: 'seu filho não está estudando'. Então eu perguntei: `e o seu aluno está?'..." Ambas riem e continuam os comentários sobre deveres, reclamando da escola num tom de desagrado.
Esta mãe, nitidamente, sentiu-se cobrada, e devolveu na mesma moeda a responsabilidade. Trata-se de uma confrontação que parte do pressuposto de que, se algo não vai bem, há de haver um incompetente na história: são os pais ou a escola...
Estabelece-se uma relação de rivalidade e fica formado um jogo em que todos saem perdendo. A professora, sem possibilidades de ação, perde o diálogo com os pais, que deixam de assumir sua parcela. Ao usar o tratamento `seu filho´ a mestra já começa uma confusão quanto às diferentes posições ocupadas pela criança. Esta, principal perdedora, fica sem lugar: nas palavras da escola é situada como ‘filho’ e por sua mãe é chamada de ‘aluno’. Provavelmente, o destino dessa conversa seria outro se a professora dissesse algo como: o ‘fulaninho’, não está estudando. O que podemos fazer?’
Para que a família e a escola possam chegar a um acordo de colaboração é necessário, antes de mais nada, que o desempenho do aluno deixe de representar o sucesso ou fracasso de um dos participantes do processo educacional. Desta maneira, os sentimentos individuais, sempre difíceis de enfrentar, podem se deslocar e dar espaço ao trabalho comum, voltado para a criança. Nossa sociedade tem colaborado para aumentar essa dificuldade, esvaziando o prestigio dos professores e sobrecarregando os pais nesse 'salve-se quem puder' da atualidade.
Apenas a partir de uma conversa entre pessoas que estejam tranquilas com seus próprios limites e frustrações é que surgirão soluções criativas e responsáveis.
Marcia Arantes e Helena Grinover
http://vivazpsicologia.blogspot.com.br/p/servicos_22.html
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