Todos se preocupavam em preparar a menininha para cortar o cabelo, pois ela afirmava enfaticamente que não queria, tinha medo. Após muita conversa e afirmações como: 'Você vai ficar linda, cortar cabelo não dói!' ela concordou. Para espanto geral, sentou-se na cadeira e ficou quietinha, acompanhando a movimentação pelo espelho. Ao terminar, a cabeleireira, já tranquila, perguntou: 'Gostou?'. A pequena respondeu, sem pestanejar, 'gostei, mas prefiro como estava antes; pode fazer de novo como estava!' Só então ficou clara a razão de tanta calma e aceitação.
Muitas crianças, especialmente nas idades em torno dos 3 aos 5 anos, têm medo de cortar o cabelo. Algumas entram em pânico e não há o que as sossegue.
A história acima revela um dos motivos do medo: a ideia de que algo do corpo será cortado para sempre. A noção de que há perdas que são definitivas e outras não, é ainda muito fluida, quase inatingível. A menininha imaginou, naquele momento, que não haveria um corte irreparável, mas apenas um ensaio. Acreditava que, numa mágica, imediatamente o cabelo voltaria a ficar como antes.
Tornar tudo mais próximo da criança pode ajudá-la. Procurar um profissional conhecido, talvez um familiar, caso a criança esteja muito estressada. Apresentar-lhe os instrumentos que vão ser usados também é uma boa providencia...
Mas na medida do possível, é bom que sua recusa seja respeitada. Lembremos que a estética deve estar ao lado do bem estar, promovendo o conforto interno.
Marcia Arantes e Helena Grinover
Caso observe um sofrimento persistente em seu filho, sinta-se à vontade para marcar um horário:
http://vivazpsicologia.blogspot.com.br/p/servicos_22.html
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