Suzana tem apenas oito anos de idade, mas todos os dias, antes de sair para a escola, fica um bom tempo na frente do espelho se arrumando, fazendo penteados... Às vezes se desespera e chora irritada por não chegar a um resultado que lhe agrade. A mãe da pequena, tentando ajudá-la, diz que está bonita, que está ótima, mas isso a desespera ainda mais...´Não, você não tá vendo? Desmanchou!´
O encontro de um indivíduo com a sua imagem no espelho é satisfatório quando o que vê coincide com o que ele deseja ser ou, dizendo de outra maneira, o que é visto é acompanhado de um sentimento de amor por si mesmo.
Entretanto, esse amor diante da imagem precisa ser sustentado por um conjunto de outros elementos que valorizam o sujeito, dão a ele um recheio de boas noções a seu respeito.
A preocupação das meninas com a aparência, reflete uma enorme exigência por corresponder a um ideal de imagem insistentemente exposto nos meios de comunicação, mas nem sempre ele está bem ancorado na opinião que elas têm de si mesmas.
Dizer à Suzana que está bonita no momento em que ela não se vê assim, não a ajuda. O que poderia lhe facilitar a vida seria encontrar no seu ambiente a confirmação do seu valor como pessoa cuja existência é importante: valor de ser filha, neta, irmã, herdeira de uma história, de uma cultura. Na escola precisaria ser reconhecida, tratada como aluna querida por aqueles que compartilham de sua presença no trabalho e no estudo.
Se esse reconhecimento não estiver suficientemente firme, não adianta procurá-lo apenas no cristal. Lá a visão poderá se desmanchar...