"Meu filho foi mordido por um colega!". Coordenadoras e professoras da educação infantil escutam com frequência essa queixa.
Os pequenos, de um a três anos aproximadamente, estão começando a se socializar, a compartilhar. E os pais também estão começando a partilhar esse filho. Ver seu bebê chegar em casa com marcas de mordida é assustador. "Que lugar é esse onde coloquei meu filho"? "O que acontece nessa escola"? "Não é melhor deixá-lo em casa"? São questões inevitáveis!
A mordida é vista como uma agressão violenta, quase insuportável para os pais, mas podemos vê-la de maneiras diferentes.
Morder, nessa idade, é um comportamento muito comum. A boca ainda é um lugar central, por onde se expressam sentimentos, idéias e desejos.
Quando o bebe coloca objetos na boca, ele se apropria desses objetos, torna-os parte dele mesmo, conhece-os. A criança pequena, ao morder outras crianças, pode estar fazendo o mesmo movimento, quer por o coleguinha dentro dela, devorá-lo, como faz com a comida. Por isso, é provável que morda quem ela gosta, como um gesto de carinho. Mas também pode ser que morda para exercer controle, buscando afastar o incômodo da presença do "chato" que tira seus brinquedos.
Essa compreensão evita que rotulemos as crianças que estão se expressando com mordidas de "agressivas" mas de maneira alguma deve servir para que os adultos deixem de assumir seu lugar de educadores junto a elas. Sempre que possível, devem proibir esses comportamentos dizendo: 'não pode fazer isso!'
É importante estimular que outras formas de expressão se desenvolvam, perguntando, por exemplo, algo como "o que você está querendo dizer para o seu coleguinha?".
Uma criança dotada de bons recursos de linguagem tende a abandonar a mordida. Afinal, é isso que a vida em sociedade almeja: substituir 'atos violentos' por 'palavras'.
Marcia Arantes e Helena Grinover
Caso seu filho apresente uma dificuldade persistente, marque um horário para conversar.
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