segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Atenção!




















'Presta atenção, menino!' 'Concentre-se!' 'Você é muito distraído, não para quieto!' 'Que agitação é essa?!' Todas as crianças escutam algo desse tipo em algum momento, mas algumas escutam mais do que outras.
Nossa atenção pode ser desviada por motivos diversos. O primeiro e mais básico de todos é que o mundo está cheio de estímulos. O bebezinho recém-nascido mostra muito bem isso, ele olha para tudo, indistintamente. Aos poucos vai destacando nesse mundo infinito alguns aspectos nos quais se detém mais, os olhos da mãe, uma cor intensa, um movimento, um som...Ele começa a 'prestar atenção', ou seja, começa a recortar alguns estímulos. A mãe vai acoplando frases a esses recortes: 'Você está olhando prá mamãe', 'Olha o palhacinho!' Vai atribuindo significado a seus movimentos e assim possibilita a criança desenvolver interesses e criar vínculos.
Os interesses ficam abalados na situações de dor, cansaço, falta de atividade física, ansiedade, insegurança...enfim, uma quantidade de condições vitais produz esse efeito. As crianças estão sujeitas a essas alterações mais que os adultos, pois ainda estão desenvolvendo a capacidade de disciplina e contenção que algumas atividades exigem. Quando uma criança altera demais seu padrão de comportamento, uma cuidadosa investigação precisa ser feita, envolvendo vários profissionais, o orientador educacional, o médico, o psicólogo.
Há alguns anos vivemos uma espécie de moda de acreditar que toda alteração de atenção e ou hiperatividade deve-se a um TDAH (transtorno de déficit de atenção com hiperatividade) que seria, segundo pesquisas médicas indicam, decorrente de uma alteração no metabolismo neural.
À luz de outras abordagens, a falta de atenção é um fenômeno que deve ganhar significado individualizado. Supõe-se que seja a expressão de anseios, preocupações, conflitos, dores psíquicas. Para tratar esse sofrimento é necessário ouvir a criança, levá-la a decifrar para si mesma o que a falta de atenção diz a respeito de sua vida. Ainda que se comprove um quadro neurológico a ser medicado, é importante entender os significados que a criança atribui a essa disfunção e aos efeitos causados por ela em sua existência.
A medicação não deve ser usada para calar o sofrimento psíquico, sob pena de ensinarmos aos mais jovens que as substâncias químicas podem eliminar, magicamente, a dor que nossa relação com os semelhantes e com mundo nos causa. O diagnóstico desse transtorno é delicado e todo o cuidado é bem-vindo para não retirar da criança a preciosa oportunidade de aprender a se controlar, de descobrir interesses que prendam sua atenção, de desvendar sentimentos e desejos que a perturbam.
Por isso, educadores que lidam com crianças que estejam mais agitadas ou desatentas, não se distraiam com conclusões apressadas, atenção!!!

Marcia Arantes e Helena Grinover
Caso perceba em seu filho uma dificuldade persistente, marque um horário para conversar.














align="justify">





Nenhum comentário:

Postar um comentário