A repórter entrevista uma senhora que foi com a filha à papelaria para comprar o material escolar. "Não venho mais com ela", diz a mãe exausta. Uma outra mãe revela sua decisão: "Não vou mais com as crianças ao supermercado".
O marketing é cada vez mais dirigido a esses pequenos que absorvem rapidamente as mensagens e passam a solicitar dos adultos o que lhes é bombardeado pelos meios de comunicação. Até bancos fazem publicidade com bichinhos barrigudinhos e fofinhos. Frequentemente as crianças são mais bem informadas sobre os recentes lançamentos anunciados na televisão ou na internet do que seus pais.
Elas pedem e querem escolher quase tudo que a família consome, desde roupas, alimentos, filmes, carros, restaurante, viagem, até material de limpeza! O que dirá então na hora de escolher os objetos usados na escola... Há sempre um 'must' do momento. Lamentavelmente, a competição entre colegas reproduz os desejos mercadológicos baseada na seguinte 'verdade': é melhor quem possui o melhor!
Os adultos ficam cansados e tornam-se os 'vilões' quando procuram não ceder. Políticas públicas deveriam auxiliar essa tarefa limitando as investidas do mercado, mas ainda temos muito a caminhar para que isso aconteça. Como explicar para essas cabecinhas imaturas que elas estão sendo manipuladas? Para elas não vale analisar outros aspectos como equilíbrio financeiro, preservação ambiental, desperdício, propaganda enganosa.
Nesse momento de compras de material escolar, pais, professores e escolas têm uma boa oportunidade para socorrer as crianças e tirá-las desse lugar de porta-vozes da sociedade de consumo, a Grande Ditadora de desejos. É produtivo para a criança ser valorizada pelo que ela é para seu grupo social, por sua maneira de participar e contribuir, ajudando-a a retirar o foco do que ela tem, que apenas estimula sua dependência.
Os educadores podem e devem lutar com mais vigor para combater o 'possua para ser feliz' que o marketing alardeia!
Helena Grinover e Marcia Arantes
Caso queira, venha conversar mais sobre o assunto.
http://vivazpsicologia.blogspot.com.br/p/servicos_22.html
Em alguns países a publicidade voltada para crianças é proibida. Acho uma medida razoável para proteger quem não pode se defender.
ResponderExcluirPedro, concordo. Quem está indefeso pode ser usado como um objeto, serve apenas para satisfazer os interesses de outros. Nesse caso das crianças usadas pela publicidade, o Estado tem que intervir.
ResponderExcluirHelena Grinover