'Sai daqui, mamãe, quero só o papai!' 'Quero que a mamãe me dê comida, você é feio!' 'É o papai que vai contar a estória, você não sabe!' 'Vai embora!'
Pais e mães já viveram ou, quase com certeza, viverão situações como essas. A criança, por volta dos três anos, demonstra escolha por um ou outro, exclui o que considera estar 'a mais', sem meias palavras nem compaixão. Muitas vezes essas preferências se alternam ou se estendem a outros membros da família e, principalmente, mudam conforme a idade.
Quando estão na posição de 'excluídos', os adultos são tomados pelos mais variados sentimentos, e se perguntam sobre o motivo da atitude dos pequenos.
Nessa idade a criança sabe, com mais clareza, que não participa de todas as situações. Tanto a mãe quanto o pai têm interesses dos quais ela está excluída - veja neste blog o texto 'Mamãe foi trabalhar'. Seu desenvolvimento a leva a entender que há uma ligação entre o casal que também não a inclui. O desejo de voltar à situação de bebê, onde se sentia exclusiva, é grande, assim como o de usufruir do que imagina existir entre os adultos. Será uma longa travessia, até a puberdade, para ela entender que as relações amorosas são muito diferentes, pais, filhos, irmãos, amigos, cada um tem seu papel.
Não é fácil suportar a rejeição vinda dos filhos ainda pequenos e, por vezes, os adultos tendem a revidar, devolvendo a "ofensa" de alguma maneira. É uma reação compreensível. Porém, quando puderem mostrar à criança que seus momentos de preferência por um ou outro não estragam os relacionamentos, estarão fortalecendo a confiança nos vínculos familiares e indicando que o lugar do filhote de três anos é bem diferente daquele dos seus pais.
Será ótimo para a menininha saber que a mamãe ou o papai não gostam de 'desaforos e ofensas', mas continuam em suas posições, cuidando dela.
Marcia Arantes e Helena Grinover
Caso seu filho apresente um sofrimento persistente, marque um horário para conversar.
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