No restaurante, está um menino de três ou quatro anos, quando entra um casal desconhecido acompanhado de outro garotinho mais novo. Este se aproxima do maior, o agarra, apoia a cabecinha no seu peito e fica ali, parado. A mãe do pequenino com a voz um tanto forçada diz: 'você está abraçando o amiguinho!' O mais velho, visivelmente constrangido, meio assustado, fica paralisado e sem saber como sair do 'abraço'. Ele olha para a mãe do menor, mas não recebe ajuda. Finalmente se solta, e aflito corre a se enfiar entre as pernas da sua própria mãe.
Na infância, esses comportamentos aparecem nua e cruamente, pois as crianças, especialmente as pequeninas, ainda não sabem como controlar seus ímpetos. Entretanto, a atitude de pais e educadores, que procura encobrir a situação dizendo que são impulsos amorosos, confunde e não ajuda a criança a adquirir conhecimento de si mesma e dos outros. Para constituir sua personalidade e tornar-se um ser social, ela precisa saber reconhecer quando seu desejo não é bem recebido, e aprender a respeitar a recusa do outro.
O hábito de fazer as crianças chamarem todas as outras de 'amiguinhos', apaga as preferências, misturando os sentimentos de amor com o coleguismo ou relacionamentos de outra qualidade.
Neste início de semestre escolar é bom lembrar que amigos são escolhidos em algum momento, colegas não. Uma excelente diretora de Centro de Educação Infantil diz o seguinte: 'todos devem respeitar seus colegas, mas nem todos serão amigos'.
A mãe do pequeno menino no restaurante o ajudaria a perceber melhor a si e ao outro e, talvez, iniciar um relacionamento amigável, se tivesse lhe dito algo como: ' solte, ele não está gostando.'
Helena Grinover e Marcia Arantes
http://vivazpsicologia.blogspot.com.br/p/servicos_22.html
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