segunda-feira, 16 de maio de 2011

Brinquedos que consomem

As crianças, ao brincar,  criam uma série de estórias, vão imaginando e transformando mentalmente seus brinquedos, que adquirem uma vida construída por elas. Podemos ver isso nas falas que acompanham as brincadeiras e que os pequenos em geral não gostam que os adultos ouçam, pois revelam suas intimidades.
Os brinquedos atualmente já vem cheios de desempenhos: bonecas que choram lágrimas, falam, cantam, fazem xixi. Os carros, os aviões, são tão performáticos quanto os verdadeiros. As crianças têm que descobrir uma brecha onde o brinquedo lhes permita inventar algo próprio, ao invés de só apertar botões.
O mais triste dessa história é que em muitas famílias o dinheiro necessário para outras coisas é gasto nesses apetrechos dispendiosos e pouco importantes para o prazer e a função de brincar. Já ouvi uma mãe dizer: "lá em casa falta dinheiro, mas brinquedo não falta não..."
O importante é que brincar não é igual a ter brinquedos, basta ver o que os pequenos fazem com objetos como pregadores de roupa, tampas de panela, retalhos de pano e uma infinidade de coisas. É com isso e com brinquedos mais simples que a função do brincar melhor se realiza. Muitas vezes os automatizados apenas ficam na estante.
Com brinquedos tão próximos da realidade, corremos o risco de inverter a posição do agente na brincadeira. Outro dia, numa brinquedoteca, ouvi uma menina perguntando à mãe: ' o que essa boneca faz ?' Seria bom perguntar à garota o que ela gostaria de fazer com a boneca...


Helena Grinover e Marcia Arantes
Caso seu filho apresente uma dificuldade persistente, marque um horário para conversar.

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