A menininha coloca na cabeça a coroa da princesa, a peruca com longas tranças e pronto: virou princesa. O menininho veste a roupa do homem aranha e se torna super herói. Uma insígnia, um emblema, tem o poder de transformar suas identidades. Olham-se no espelho e sua imagem reunida a esses elementos dá a ilusão de que adquiriram capacidades, força, transformaram-se .
Um dos objetivos da publicidade é criar essa ilusão de que ter é igual a ser e nas crianças, especialmente, o efeito é certeiro - elas ficam aprisionadas pela imagem e passam a desejar o produto imediatamente, sem crítica.
O adulto também cai no engôdo de acreditar que ao possuir determinados objetos torna-se outra pessoa. Entretanto, em crianças o efeito é mais preocupante. Quando ficam coladas à necessidade de posse de determinados produtos, diminuem a capacidade de usar o "faz de conta" para se transformar, empobrecem a construção da imagem pessoal e de suas potencialidades. Além disso, podem passar a acreditar que para serem valorizadas, amadas, admiradas, devem ser iguais a "maravilhosa"criança da publicidade e para tal, devem possuir os mesmos brinquedos que ela.
Numa sociedade que estimula ao extremo a posse de bens, que invade diariamente os cidadãos com mensagens enganosas e atraentes, torna-se mais penosa a tarefa de discriminar entre o que temos e o que somos.
É função primordial da educação, portanto dos pais, ajudar esses seres em formação a prosseguir nessa discriminação: brincar de mamãe e filhinha independe de possuir a boneca 'x'.
Os pais perceberão que sua excelência não está vinculada a fornecer produtos aos filhos!
Marcia Arantes e Helena Grinover
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