terça-feira, 28 de junho de 2011

Vítimas da publicidade


A menininha coloca na cabeça a coroa da princesa, a peruca com longas tranças e pronto: virou princesa. O menininho veste a roupa do homem aranha e se torna super herói. Uma insígnia, um emblema, tem o poder de transformar suas identidades. Olham-se no espelho e sua imagem reunida a esses elementos dá a ilusão de que adquiriram capacidades, força, transformaram-se .
Um dos objetivos da publicidade é criar essa ilusão de que ter é igual a ser e nas crianças, especialmente, o efeito é certeiro - elas ficam aprisionadas pela imagem e passam a desejar o produto imediatamente, sem crítica.
O adulto também cai no engôdo de acreditar que ao possuir determinados objetos torna-se outra pessoa. Entretanto, em crianças o efeito é mais preocupante. Quando ficam coladas à necessidade de posse de determinados produtos, diminuem a capacidade de usar o "faz de conta" para se transformar, empobrecem a construção da imagem pessoal e de suas potencialidades. Além disso, podem passar a acreditar que para serem valorizadas, amadas, admiradas, devem ser iguais a "maravilhosa"criança da publicidade e para tal, devem possuir os mesmos brinquedos que ela.
Numa sociedade que estimula ao extremo a posse de bens, que invade diariamente os cidadãos com mensagens enganosas e atraentes, torna-se mais penosa a tarefa de discriminar entre o que temos e o que somos.
É função primordial da educação, portanto dos pais, ajudar esses seres em formação a prosseguir nessa discriminação: brincar de mamãe e filhinha independe de possuir a boneca 'x'. 
Os pais perceberão que sua excelência não está vinculada a fornecer produtos aos filhos!

Marcia Arantes e Helena Grinover
Caso queira aprofundar o assunto, marque um horário para conversar.

3 comentários:

  1. André Murtinho Ribeiro Chavres3 de julho de 2011 às 10:06

    Legal, estou querendo investigar esta influência na educação das crianças, analisando o que seus professores e pais lêem, ouvem e veem... Será a minha monografia de Pedagogia. Feito o contato.

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  2. Acredito que o frase final é sintese de um processo que não se inicia e não é concluido só no mundo infantil. Esse essa criança que rápidamente crescerá já terá "encarnada" a idéia de que é preciso comprar a excelência de ser pai e mãe. Se puder e não der, é imoralidade.

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  3. Caro André, concordo com a idéia de que os pais de hoje estão constituindo os pais de amanhã. Entretanto já vejo os pais de hoje tentando ter uma posição ética junto aos filhos, sofrendo com isso, mas muito pressionados pelos apelos da sociedade de consumo. "Comprar ou não comprar, eis a questão!" das famílias no natal, dia da criança, aniversários, o tempo todo...
    Obrigada,
    Helena Grinover

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