segunda-feira, 4 de julho de 2011

O que os olhos não vêem...



















Uma garota de sete anos de idade, acompanhada da avó, assiste no computador um a clip musical. A música fala de amor, saudades e é cantada por uma adolescente, vestida de mini saia, rebolante, fazendo caras e bocas. A avó observa "esse clip é para adolescentes, não?". "É só uma música, vovó", responde a garota.
Na cena final a cantora beija na boca um jovem e a menina rapidamente tampa com as mãos os próprios olhos."Porque você fez isso?", pergunta a avó. "Por causa do que você disse", responde.
Ela evita a visão do beijo. Sabemos que nos seres humanos a visão da imagem dos outros é responsável pela constituição dos desejos. O desejo humano nasce de uma identificação com os os outros, dito de outra maneira, nasce quando um se vê no lugar do outro e passa a desejar o que esse outro possui. A garota sabe que se espera que ela não queira ainda ser uma adolescente, então na hora do beijo procura se separar, se isola da cantora que admirava e com quem se identificava até esse momento. Enquanto era só uma música...
O ato da garota mostra a força da imagem. O que a publicidade visual faz é utilizar essa força para criar desejos nos espectadores. O que a garota revela é que esse objetivo é plenamente atingido, ela se protege da visão.
Sabemos o quanto é difícil para os pais acompanhar e selecionar o que as crianças vêem nas telas, uma explosão de imagens e relativamente poucas palavras. No entanto, é sua função e dos educadores em geral,' não fechar os olhos', mas posicionar-se como barreira protetora, opinando e transmitindo seus valores.
As colocações dos adultos são referências importantes diante da tarefa de digerir a invasão da mídia, que nem sempre se questiona sobre os efeitos sociais de suas mensagens.

Helena Grinover e Marcia Arantes
Caso queira aprofundar o assunto, marque um horário para conversar.


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