segunda-feira, 6 de junho de 2011

Estranhamento


















O bebê que era tão amigável, simpático, sorria para todos, um belo dia começa a 'estranhar'. Já não aceita o colo de qualquer um. A criança, que era tão segura de si, por volta dos dois ou três anos, passa a ter medo de pedintes, de palhaço, do médico, de papai noel...
Naturalmente, os pais se preocupam e buscam as causas. Será que alguém a assustou ou ela viu algo relacionado a essas figuras? Entretanto, pode não ter acontecido nada especialmente assustador na realidade.
Os medos surgem como consequência do crescimento, com mudanças no psiquismo que transformam as vivências. Uma delas é que criança passa a perceber melhor a diferença entre ela e os outros, 'os estranhos'. Assim, o que antes não a assustava agora é visto com "outros olhos" e passa a ser temível!
Por vezes, o medo escorrega para fatos banais no dia a dia. Uma pessoa com a cor da pele diferente de seus familiares, um traço que se sobressai muito, tal como um tipo de cabelo, uma característica física evidente, podem causar horror. A criança também pode passar a ficar constrangida em situações sociais e inesperadamente reagir rejeitando as pessoas.
Para continuar crescendo ela precisará ter experiências que ampliem suas noções do que é 'familiar' incluindo pouco a pouco mais diferenças.
Bom seria se isso se desse sem exposições forçadas e penosas às figuras amedrontadoras, sem exigir que ela logo entenda, pela explicação lógica, que "não faz sentido ter medo de um amistoso papai noel...." As explicações lógicas têm pouquíssima eficácia na diminuição dos medos.
O adulto pode ajudar afastando momentaneamente a criança da situação que a estressa, e posteriormente acompanhando e facilitando a descoberta de pontos de igualdade dentro das diferenças.

Marcia Arantes e Helena Grinover
Caso seu filho apresente um sofrimento persistente, marque um horário para conversar.

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