Aos três anos de idade, Fred foi para a escola. Após algumas semanas começou a apresentar novas expressões faciais, choros diferentes dos habituais, cenas mudas, que antes não fazia. Sua mãe logo percebeu que ele repetia exatamente o que havia visto protagonizado por coleguinhas de classe. Chegou a lhe falar sobre o assunto dizendo que este não era ele, mas o fulaninho. Fred, no entanto, continuou e parecia fazer isso dirigindo-se intencionalmente a sua mãe.
A entrada na escola mergulha os pequenos nos contatos com os semelhantes, e pode causar fortes movimentos em que se apropriam do que vêm nos outros por meio de uma imitação.
É possível notar que as crianças, a partir do segundo semestre de vida e durante alguns anos, têm um talento especial para imitar. Elas conseguem reproduzir as imagens, os sons, os trejeitos dos demais, especialmente dos que têm idades próximas. Podem também fazer isso com personagens de estórias, bichinhos... Essa maneira de praticamente absorver a 'cara' do outro é o início de um processo de constituição da própria personalidade que começa pelas imagens. É quase como se seus semelhantes fossem um espelho onde a criança se olha e fica igual ao que vê. Depois isso se modifica e cada um passa a ter a sua 'cara'.
É compreensível a aflição dos pais ao notarem essa influência dos companheiros sobre seus filhos, especialmente quando imitam comportamentos que desagradam. Entretanto, esse é o caminho da inclusão na vida social, não há outra maneira de fazê-la. Mas a convivência com a família, nos primeiros seis ou sete anos de vida, ainda é a contribuição mais forte na formação do futuro cidadão, com seus modelos, valores e referências.
Fred mostra à mãe o que vê e o que o impressiona na convivência com os colegas, mas aos poucos irá transformar essas 'performances' para configurar estilos de vida seus, particulares e únicos. Construirá seu próprio desenho!
Helena Grinover e Marcia Arantes
http://vivazpsicologia.blogspot.com.br/p/servicos_22.html
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