Eduardo tem quatro anos, e atualmente anda fazendo umas coisas que intrigam os pais. Sua mãe está no quinto mês de gravidez e já arrumou parte do enxoval do irmãozinho. Um dia desses ela encontrou várias roupinhas do bebê enfiadas nas gavetas de Eduardo. Em outro momento, quando mostrava a uma amiga algumas peças percebeu a cara fechada com que ele as tirava rapidamente das mãos dela e guardava: "deixa, vou guardar"... E assim tem feito, sempre que alguém vai ver as novidades.
O comentário das pessoas é de que ele está com ciúmes. Evidentemente, a espera de um irmão desvia a atenção dos que estão ao redor da criança e os ciúmes são inevitáveis, pois fica claro para ela que há um "concorrente na praça" dividindo os cuidados, especialmente da mãe, ocupada pela barriga.
Mas há mais mistérios na história. Nessa idade, meninos e meninas estão às voltas com o que significa fazer parte do universo feminino ou masculino. Quais são as diferenças, as vantagens de cada um? Como é que alguém se torna pai ou mãe? Tudo que se refere ao processo de geração dos bebês lhes interessa sobremaneira.
As atitudes dos adultos com a gestação, as preocupações, as idas ao médico, as mudanças na casa, o orgulho das mulheres grávidas, fazem da barriga que cresce um bem precioso. Entretanto, o que há lá dentro, de fato, ainda permanece nebuloso, gerando uma enorme curiosidade e um importante trabalho de exploração e pesquisa feito pelos pequenos. Assim eles desenvolvem determinados aspectos da inteligência. Várias estórias para crianças como Chapeuzinho Vermelho, Pinóquio, referem-se a esse enigma das barrigas de onde, magicamente, saem pessoas vivas.
As roupinhas de bebê, por exemplo, podem ser vistas como pedacinhos reveladores, pertencentes ao tesouro que a mamãe carrega. Nesse caso, Eduardo nada mais faz do que se apossar de parte disso que tanto lhe interessa e também não gosta nada de ver os outros pondo as mãos nessas preciosidades...É como se ele guardasse escondida uma pequena 'barriga', engavetada para não dividir com ninguém.
Leituras e conversas sobre o tema, que respeitem a idade e a capacidade de compreensão, são uma boa opção para incluir os irmãos mais velhos no período da gestação materna.
Helena Grinover e Marcia Arantes
http://vivazpsicologia.blogspot.com.br/p/servicos_22.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário