terça-feira, 10 de abril de 2012

Crianças aprisionadas na tela


















O cenário varia: a mesa do restaurante durante o almoço em família,  a sala de estar em um momento de conversa informal,  o carro... Enquanto os grandes conversam,  uma criança não tira os olhos do joguinho eletrônico, sua atenção está totalmente tomada.

Os adultos intervêm, geralmente recriminando ou ameaçando: 'Não há meio de largar isso?! Já falei prá parar!! Vou tirar de você!'.

O jogo, por si, não é bom nem ruim: tudo depende do uso que se faz dele. Pode ser um entretenimento relaxante, um desafio, uma curiosidade, até uma vontade de conhecer o que os amigos comentam para poder conversar com eles. Mas também pode ser um refúgio constante para escapar de dificuldades, seja  nos relacionamentos interpessoais, seja em relação a determinadas tarefas. No território do jogo  ninguém interfere na ação da criança, cabe somente a ela dominar o ambiente e vencer; fica estabelecido um lugar sem as frustrações da vida real. Esse é um terreno propício à construção de um 'vício', ou seja, aquilo que não é feito por escolha, mas por não conseguir deixar de fazer.

Seria interessante que os adultos, antes de recriminar, se questionassem sobre o que está acontecendo. Uma pergunta, ou um comentário,  podem ajudar o pequeno ser a 'se conectar com  os humanos'.  'Essa conversa está chata, né?' ' O que você está fazendo ai, estou curioso para saber!' .  'Ah, entendi, você está jogando para se distrair? Ou poderá ser dito algo como: 'isso aqui é muito legal, coisa e tal...' Trata-se de um convite, uma oportunidade para se expressar, que muda o jogo. A criança sai de dentro da tela, fica incluída no grupo, passa a existir de novo! Mesmo que continue a jogar, certamente será de uma maneira  menos automática...

Marcia Arantes e Helena Grinover
http://vivazpsicologia.blogspot.com.br/p/servicos_22.html

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