O cenário varia: a mesa do restaurante durante o almoço em família, a sala de estar em um momento de conversa informal, o carro... Enquanto os grandes conversam, uma criança não tira os olhos do joguinho eletrônico, sua atenção está totalmente tomada.
Os adultos intervêm, geralmente recriminando ou ameaçando: 'Não há meio de largar isso?! Já falei prá parar!! Vou tirar de você!'.
O jogo, por si, não é bom nem ruim: tudo depende do uso que se faz dele. Pode ser um entretenimento relaxante, um desafio, uma curiosidade, até uma vontade de conhecer o que os amigos comentam para poder conversar com eles. Mas também pode ser um refúgio constante para escapar de dificuldades, seja nos relacionamentos interpessoais, seja em relação a determinadas tarefas. No território do jogo ninguém interfere na ação da criança, cabe somente a ela dominar o ambiente e vencer; fica estabelecido um lugar sem as frustrações da vida real. Esse é um terreno propício à construção de um 'vício', ou seja, aquilo que não é feito por escolha, mas por não conseguir deixar de fazer.
Seria interessante que os adultos, antes de recriminar, se questionassem sobre o que está acontecendo. Uma pergunta, ou um comentário, podem ajudar o pequeno ser a 'se conectar com os humanos'. 'Essa conversa está chata, né?' ' O que você está fazendo ai, estou curioso para saber!' . 'Ah, entendi, você está jogando para se distrair? Ou poderá ser dito algo como: 'isso aqui é muito legal, coisa e tal...' Trata-se de um convite, uma oportunidade para se expressar, que muda o jogo. A criança sai de dentro da tela, fica incluída no grupo, passa a existir de novo! Mesmo que continue a jogar, certamente será de uma maneira menos automática...
Marcia Arantes e Helena Grinover
http://vivazpsicologia.blogspot.com.br/p/servicos_22.html
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