Nos últimos tempos, a mãe de Marcelo tem se defrontado com uma negociação constante. Sempre que pede a ele para fazer algo que o desagrada, o garoto resiste muito. Quando finalmente aceita, diz o segunite: tá, mas eu que faço!
A condição aparece em várias situações: 'eu que desligo a televisão para ir tomar banho', 'eu que tranco a porta na hora de sair', 'eu que empurro o carrinho no supermercado, 'eu que pego o shampoo' e por aí vai...
Quando não é possível deixar que Marcelo fique com ultima palavra, ou seja suas condições não são aceitas, ele fica extremamente frustrado, bravo e se põe a chorar. O que estaria acontecendo?
O menino está com três anos, já construiu a idéia de que é alguém nesse mundo, mas ter que abrir mão dos seus desejos lhe parece quase como deixar de existir. Torna-se insuportável, nesses momentos, receber ordens sem ter outra alternativa que não seja a de obedecer e ponto final. Precisa colocar seu 'eu' em primeiro lugar, para depois poder acatar o desejo dos outros.
Seria hora de fazer valer a palavra dos adultos? O respeito à autoridade estaria em cheque? Visto que a insistência de Marcelo é grande, assim como a dor, ao ter que se submeter, pensamos que é hora de dar a ele algum espaço para o exercício do poder. O garotinho está cultivando um brotinho de personalidade que, como semente que acaba de despontar, precisa de sol e ar para se fortalecer.
Convém fazer como sua mãe tem feito: quando for possível, permitir que ele dê a última palavra. Caso contrário é ela quem define os limites, protegendo e podando a 'plantinha'. As duas atitudes são importantes!
Helena Grinover e Marcia Arantes
Helena Grinover e Marcia Arantes
Bom dia! Interessante o texto e deixa a refletir.
ResponderExcluirTenho uma menina de 5 anos e 8 meses, e como toda criança, tem suas birras, suas imposições e também suas alegrias...
Como mãe, penso sinceramente que é preciso haver um equilíbrio entre deixá-los dar a última palavra e darmos também... E se derem, sempre explicar porque eles tem que fazer tal coisa...
Vemos muitas famílias sem um equilíbrio necessário por falta de limite na infância... Não queremos ter adolescentes dominadores em casa não é mesmo?
E isso é preciso ser "moldado" na infância para não termos surpresas mais tarde...
A dor, o choro de não poder dar a última palavra, passa... Eles não choram para sempre... Trauma nenhum será causado por deixá-los chorar e virem mais calmos, se ensinamos com limites e amor...
As próprias crianças cobram esse limite da gente... Ela precisam de atenção.. e limites é uma forma de mostrar que elas são importantes...E sentem necessidade de saber disso a toda hora...
Os pais é que são os responsáveis, eles que dominam, eles que tem o discernimento maior para saber o que é certo e errado.. A criança não... Elas são apenas crianças e não devemos esquecer disso...
Amor e limites.. tenho certeza que é uma dupla de sucesso...
Beijos grandes...
Teresinha Nolasco
Teresinha,os limites são mesmo fundamentais,oferecem as interdições necessárias para a constituição do psiquismo.Nosso texto pretende chamar a atenção para a insistência tanto da criança, quanto do adulto. A flexibilidade pode evitar que ambos se fixem em posições obstinadas e no caso que abordamos é preventiva.Obrigada por sua participação.
ResponderExcluirE chamou a atenção Helena. Sim, toda a educação é preciso flexibilidade e não obstinação, aliás, como tudo na vida.
ResponderExcluirE insisto, o equilíbrio é fundamental nessas e em todas as horas..
Obrigada você...