terça-feira, 28 de agosto de 2012

Incômodos palavrões.




















'Meu filho Felipe, de quatro anos, brinca no playgroud com crianças bem mais velhas e aprende umas coisas inadequadas para sua idade.  Agora deu para falar palavrões terríveis, e pior, fala na frente das pessoas. Fico brava, envergonhada, a situação só piora'.
As crianças não têm nenhuma condição de saber o que estão dizendo quando usam palavrões que remetem à sexualidade madura. Os adultos, com toda razão, ficam incomodados diante desses pequenos que se referem à um mundo de experiências e conhecimentos do qual deveriam estar excluidos. Mas essa é a questão: eles querem se incluir!
Repetir o que dizem os outros é uma maneira de se inserir própria dos humanos. Toda a linguagem é adquirida por meio da repetição. No início, é como se as palavras fossem ocas, sem significação, aos poucos elas vão ganhando conteúdo.
Quando Felipe pronuncia os palavrões está procurando decifrar seus significados e assim participar do grupo dos maiores. Percebe que eles estão 'por dentro' de algo que ele não entende e isso o atrai profundamente...
Um movimento semelhante é feito com assuntos que a família, por exemplo, considera impróprios para as crianças. São frequentemente mencionados por elas, que não sabem do que se trata, mas sabem como procurar o que há por trás disso que é tão reservado. Causam bastante incômodo!
A curiosidade e o desejo de participação são importantes, não devem ser esmagados com reações violentas.  Entretanto, dizer palavrões constrangedores é um comportamento que merece limites.

Helena Grinover e Marcia Arantes

vivazpsicologia.blogspot.com.br




Nenhum comentário:

Postar um comentário