Assim se inicia uma conversa entre a menina de oito anos e sua mãe: 'Mãe, sabia que a Rita namora o Edu?' .Assustada e curiosa a mãe pergunta: 'O que eles fazem, filha? '. 'Ficam juntos, ué!'. ' Mas juntos como?' 'Ah, mãe, você sabe'. 'Não sei, como é? Beijam, beijam na boca?' 'Sei lá ', diz a criança com um gesto de quem perdeu a paciência e se distancia calada.
Na faixa de sete a onze ou doze, há ensaios e maior abertura para amizades, mas os laços amorosos mais importantes ainda permanecem atados ao grupo familiar.
Namoro é o que acontece após a puberdade, quando o desejo de amor e carinho se concentra fortemente nas figuras de fora da família.
Seria interessante que o dito 'namoro' das crianças pudesse ser visto por seus pais e educadores como uma atividade completamente diferente daquela dos adolescentes e adultos. Trata-se, na infância, de relações movidas pela curiosidade, pelo desejo de imitar os mais velhos. As preferências afetivas são instáveis e periféricas.
Os educadores, ao atribuírem precocemente uma etapa sexual à criança, a afastam daquilo que é próprio da idade, como o aprendizado escolar, o companheirismo nas brincadeiras, o convívio despreocupado e espontâneo entre meninos e meninas.
A garota da nossa história fala de 'namoro' para ver o que sua mãe comenta sobre o assunto. A mãe, talvez assustada com a própria interpretação dos fatos, se expressa como quem está diante de um relacionamento de adolescentes. Deixa, dessa maneira, a menina confusa e inibida com a dificuldade de explicar o que está se passando. Cabe aos adultos apontar a diferença entre brincar e namorar, imitar os mais velhos, ser criança e ser adolescente. A Rita e o Edu 'ficam juntos' na hora do lanche, depois correm com os amigos pelo pátio...
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