Soninha, que tem quatro anos, teve um terrível pesadelo à noite. Um bicho muito feio e grande corria atrás dela tentando mordê-la. Ela gritava, procurava escapar, até que acordou chorando, e se deparou com a mãe que vinha acalmá-la. Muito brava e assustada, perguntou: 'porque você não foi lá para me ajudar?'
Entre 3 e 6 anos aproximadamente, é comum as crianças terem pesadelos com temas relacionados a situações de perseguições, devoramentos, desaparecimentos, ataques, diante das quais ficam incapazes de se proteger.
Os sonhos são uma produção psíquica que nos permite continuar a dormir enquanto a cabeça prossegue ativa, buscando digerir as experiências vividas. Quando a angustia que surge no sonho é grande, ele perde sua função de manter o sono e acordamos.
Uma criança como a do nosso exemplo, não é capaz ainda de fazer completamente a distinção entre o que pertence à realidade e o que é sonho. O crescimento lhe permitirá reconhecer quando se trata de um produto do seu mundo interno.
Muitas vezes, para acalmar os filhos, os pais tentam separar o pesadelo do resto da vida, diminuindo a importância do sonho: 'é bobagem, não é de verdade!' . Enganam-se. Soninha, quando corre do bicho, mostra que está enfrentando ameaças diante das quais se sente enfraquecida. Essas situações ameaçadoras podem não estar ocorrendo 'na realidade'. Entretanto, são verdadeiras para a criança que, especialmente nessa fase da vida, experimenta rivalidades, sentimentos de exclusão e desejos de excluir. Está em plena luta por seu lugar no mundo, pelo amor dos pais.
Conversar sobre esses bichos, deixá-la falar sobre eles, pensar o que poderia fazer para se proteger, são recursos que podem ajudá-la. Com o tempo, encontrará maneiras de enfrentar as ameaças, que não lhe 'tirem o sono'.
Marcia Arantes e Helena Grinover
vivazpsicologia.blogspot.com.br
Conversar sobre esses bichos, deixá-la falar sobre eles, pensar o que poderia fazer para se proteger, são recursos que podem ajudá-la. Com o tempo, encontrará maneiras de enfrentar as ameaças, que não lhe 'tirem o sono'.
Marcia Arantes e Helena Grinover
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