terça-feira, 16 de outubro de 2012

As profecias se realizam...





















'Passei a vida acreditando que não tinha habilidade com as mãos. Foi o que ouvi por toda a infância. Estou absolutamente surpresa com o que fiz!!' Esse é o comentário entusiasmado de uma mulher de 45 anos, ao final de uma boa aula de desenho...
Nossa experiência clínica mostra crianças com baixo rendimento escolar, adultos com sentimentos de inferioridade, inibições, sofrimentos na vida amorosa e profissional, ligados a depoimentos como esse. As pessoas ficam marcadas por expectativas, pelas frases repetidas, pela maneira como são vistas por pais e educadores.
A respeito desse assunto, chamou a nossa atenção um artigo publicado pela Folha de São Paulo em 09 /10, no caderno 'equilíbrio', com título bastante sugestivo: "A crença que vira sentença". A jornalista relata  o experimento levado a cabo em 1964 na Califórnia, retomado em 2012, onde os pesquisadores aplicaram um suposto 'teste de Harvard' nos alunos do ensino fundamental de uma escola. Após a avaliação forneceram aos professores uma  falsa lista composta por nomes sorteados entre os que haviam realizado o teste. Disseram aos mestres que esses eram seus pupilos que tiveram os melhores resultados, os que tinham maior nível de inteligencia.  Um ano depois, repetiram o teste e observaram que os indivíduos que faziam parte da falsa lista conseguiram um desempenho 4% acima dos demais. 
Os pesquisadores concluíram que a crença do professor faz diferença no aproveitamento das crianças. Ele trata de uma maneira o aluno que considera 'inteligente' e de outra, bem diferente, o que considera menos 'inteligente', gerando assim efeitos  significativos no desempenho de ambos. Aqueles que o mestre acredita, antes mesmo de conhecê-los, que devem ser os 'melhores da classe', rendem de fato mais do que aqueles cuja expectativa é de que sejam os 'piores da sala'.
Esses resultados da pesquisa confirmam o que observamos na clínica e na vida.
Rever essas crenças fixas, ou tomar consciência delas para mudar as atitudes e as palavras, pode ajudar   pais, professores e alunos.

Marcia Arantes e Helena Grinover



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