Beatriz está fazendo nove anos e a família preparou um lanche para os amigos onde a diversão é cada um montar o próprio sanduíche. Sobre a mesa há várias travessas com os ingredientes e talheres para que as crianças se sirvam. Surpreendentemente, muitas delas avançam, devorando com as mãos os recheios de sua preferência, sem a mínima preocupação em montar os lanches ou utilizar os apetrechos adequados.
Nesta idade, uma criança já deveria ter aprendido que os talheres são para proteger o alimento que todos vão ingerir e que a divisão dos quitutes numa festa não privilegia alguns convidados...
Adultos, frequentemente, se questionam diante de comportamentos individualistas dos jovens. Os mais velhos, horrorizados, dizem: 'no meu tempo não era assim...' O que se passa?
Na sociedade contemporânea, a vida dos cidadãos é cada vez mais mapeada por trajetórias individuais. A realização pessoal depende em alto grau do que o sujeito conquista por conta própria, com poucas contribuições das organizações e instituições sociais. Esse movimento, acelerado nas últimas décadas, amplia e valoriza o espaço privado em detrimento do coletivo. Estudar, trabalhar, cuidar dos filhos, demanda enormes esforços e recursos individuais ou familiares. Trava-se uma crescente 'luta pela vida' na qual é necessário vencer os que disputam a 'sua' posição e o lugar que cada 'um' conquista precisa ser defendido o tempo todo.
A ação que predomina, dentro do campo social estruturado desta maneira, é mais orientada por uma avidez para conseguir o que se quer, do que por uma disposição para participar e compartilhar.
A ação que predomina, dentro do campo social estruturado desta maneira, é mais orientada por uma avidez para conseguir o que se quer, do que por uma disposição para participar e compartilhar.
O efeito disto pode ser observado nas crianças em situações como as do nosso evento de aniversário.
A noção de que o coletivo pertence a todos e de que destruí-lo empobrece também aquele que o destrói, parece estar longe da experiência de vida dos mais novos. É um desafio para pais e educadores ajudá-los a adquirir essa consciência. Para isso, vão precisar recuperá-la neles mesmos...
Helena Grinover e Marcia Arantes
vivazpsicologia.blogspot.com.br
A noção de que o coletivo pertence a todos e de que destruí-lo empobrece também aquele que o destrói, parece estar longe da experiência de vida dos mais novos. É um desafio para pais e educadores ajudá-los a adquirir essa consciência. Para isso, vão precisar recuperá-la neles mesmos...
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