sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Mudamos!

Esse é o endereço onde estarão nossas publicações a partir de hoje.




Faça uma visita, veja como está mais colorido, cheio de imagens e possibilidades...


Helena Grinover e Marcia Arantes

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Brincar sozinho




















`Não sei o que meu filho tem, de uns tempos para cá não dá sossego. Por exemplo, ele adora brincar com os carrinhos e com uns bonecos...mas quer que eu fique sentada, olhando. Se eu me afasto um pouco, vou até a cozinha, lá vem ele atrás me chamando, 'maaãe!´. Quando perco a paciência, falo que ele está grande e saio, chora bastante, desesperado. O que fazer, é pura manha?' Esta é a questão formulada por uma participante de nossos grupos de conversa com pais.
Fazer diferença entre manha e desespero pode ser um engano. O importante é o grau de sofrimento, e o fato da criança não conseguir fazer uma mudança nesta situação, que se repete sempre da mesma maneira. 
É possível que o garoto sinta-se mal quando sua mãe se retira porque desaparece junto com ela o mundo criado por ele, em que os brinquedos têm vida e lhe fazem companhia. É um momento em que se perde certa capacidade de separação da mãe, necessária para dar estabilidade ao ato de brincar.
Em geral essa condição se estabelece em torno dos dois anos de idade. Sabemos, entretanto, que ao longo da infância, ou mesmo durante a vida, o olhar de alguém pode, eventualmente, tornar-se  de novo fundamental.
Caso seja possível, a mãe do menino deve garantir, por enquanto, sua presença nesses momentos, até que ele possa firmar um cenário com a imaginação, que não evapore quando ela se afasta. Daí então os brinquedos substituirão a mamãe... 
Manter essa substituição é condição para aumentar a independência, enriquecer a criatividade para estudar, trabalhar, ter prazer na vida.


Helena Grinover e Marcia Arantes

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quarta-feira, 26 de junho de 2013

Cortar o cabelo dói?



















Todos se preocupavam em  preparar a menininha para cortar o cabelo, pois ela afirmava enfaticamente que não queria, tinha medo. Após muita conversa e afirmações como: 'Você vai ficar linda, cortar cabelo não dói!' ela concordou. Para espanto geral, sentou-se na cadeira e ficou quietinha, acompanhando a movimentação pelo espelho. Ao terminar, a cabeleireira, já tranquila, perguntou: 'Gostou?'. A pequena respondeu, sem pestanejar, 'gostei, mas prefiro como estava antes; pode fazer de novo como estava!' Só então ficou clara a razão de tanta calma e aceitação.
Muitas crianças, especialmente nas idades em torno dos 3 aos 5 anos, têm medo de cortar o cabelo. Algumas entram em pânico e não há o que as sossegue.
A história acima revela um dos motivos do medo: a ideia de que algo do corpo será cortado para sempre. A noção de que há perdas que são definitivas e outras não, é ainda muito fluida, quase inatingível. A menininha imaginou, naquele momento, que não  haveria um corte irreparável, mas apenas um ensaio. Acreditava que, numa mágica, imediatamente o cabelo voltaria a ficar como antes.
Tornar tudo mais próximo da criança pode ajudá-la. Procurar um profissional conhecido, talvez um familiar, caso a criança esteja muito estressada. Apresentar-lhe os instrumentos que vão ser usados também é uma boa providencia...
Mas na medida do possível, é bom que sua recusa seja respeitada. Lembremos que a estética deve estar ao lado do bem estar, promovendo o conforto interno.

Marcia Arantes e Helena Grinover

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terça-feira, 18 de junho de 2013

Converse com a menina

























Suzana tem apenas oito anos de idade, mas todos os dias, antes de sair para a escola, fica um bom tempo na frente do espelho se arrumando, fazendo penteados... Às vezes se desespera e chora irritada por não chegar a um resultado que lhe agrade. A mãe da pequena, tentando ajudá-la, diz que está bonita, que está ótima, mas isso a desespera ainda mais...´Não, você não tá vendo? Desmanchou!´
O encontro de um indivíduo com  a sua  imagem no espelho é satisfatório quando o que vê coincide com o que ele deseja ser ou, dizendo de outra maneira, o que é visto é acompanhado  de um sentimento  de amor por si mesmo.
Entretanto, esse amor diante da imagem precisa ser sustentado por um conjunto de outros elementos que valorizam o sujeito, dão a ele um recheio de boas noções a seu respeito.
A preocupação das meninas com a aparência, reflete uma enorme exigência por corresponder a um ideal de imagem insistentemente exposto nos meios de comunicação, mas nem sempre ele está bem ancorado na opinião que elas têm de si mesmas. 
Dizer à Suzana que está bonita no momento em que ela não  se vê assim, não a ajuda. O que poderia lhe facilitar a vida seria encontrar no seu ambiente  a confirmação do seu valor como pessoa cuja existência é importante: valor  de ser filha, neta, irmã, herdeira de uma história, de uma cultura. Na escola precisaria ser reconhecida, tratada como aluna querida por aqueles que compartilham de sua presença no trabalho e no estudo.
Se esse reconhecimento não estiver suficientemente firme, não adianta procurá-lo apenas no cristal. Lá a visão poderá se desmanchar...




terça-feira, 11 de junho de 2013

Roubo na infância



























A mãe de Aninha está preocupada: já é a segunda ou terceira vez que encontra objetos na mochila da menina que não lhe pertencem. Pergunta de quem são e a garota lhe dá respostas difusas e contraditórias: 'Não sei'. ' É da fulana, ela me deu'. 'É meu!'... A mãe, duvidando da filha e sem saber o que fazer, começa a discursar sobre a impropriedade de pegar o que não lhe pertence, como é feio fazer isso, não devemos desejar o que é dos outros...
Aos seis ou sete anos, aproximadamente a idade de Aninha, a criança já tem noção clara do que lhe pertence ou não, portanto sua mãe tem motivo para se inquietar.
Os pais podem ficar espantados ao verem seus filhos agirem de maneira totalmente contrária aos princípios que prezam e procuram transmitir a eles. Isso fere a imagem 'imaculada' que gostam de manter a respeito dos rebentos e pode tomar proporções desmesuradas nos pensamentos sobre o que poderá vir a acontecer no futuro: 'Meu filho vai ser um ladrão?'.
Ficam desejando que os filhos não tivessem sentimentos e vontades que possam causar dificuldades na vida social e tentam influenciá-los por ai: 'Não devemos querer as coisas dos outros!'
Vontades, sentimentos, desejos, não podem ser banidos do nosso mundo mental, fazem parte do psiquismo normal do ser humano. O que precisamos é aprender a barrar as ações movidas por eles. 'Desejo o estojo da minha colega, mas não posso pegá-lo'.
Às vezes, os discursos mais atrapalham do que ajudam... No exemplo, a fala da mãe poderia se resumir a: 'Você está proibida de pegar o que não é seu. Vamos devolver!'

Marcia Arantes e Helena Grinover
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quarta-feira, 5 de junho de 2013

Ciúmes

Carla tem três anos de idade. Acaba de chegar em casa seu irmãozinho, cujo nascimento está sendo  muito festejado pela família. Os adultos conversam na sala enquanto a garotinha e o bebê estão no quarto. A mãe, atraída pelo silêncio dos filhos, vai vê-los e encontra o pequenino totalmente coberto por duas mantas de lã. Ela se assusta: `O que você fez Carla? Quer esconder seu irmão? Está proibida de fazer isso novamente, entendeu?!´
Essa reação da mãe, aflita com  o que imaginou ao ver a cena, nos parece interessante.
Sem criticar a filha por ter o desejo de `sumir com o nenê´, o que apenas a faria se sentir culpada, coibiu fortemente sua ação.
É inevitável que surjam tendencias hostis entre os irmãos em diferentes momentos da vida, e ter conhecimento delas torna a criança mais apta a exercer controle sobre sua impulsividade. É sempre mais fácil lutar contra algo conhecido do que contra o que se desconhece.
Essa história serve para pensarmos em inúmeras situações em que os adultos julgam e criticam as crianças por seus desejos e sentimentos, mas descuidam do exercício da interdição: marcar com seriedade os limites que jamais devem ser ultrapassados, ou seja, os desejos que não podem ser realizados. Elas necessitam desta colocação firme para ter maior segurança emocional e física, pois ambas caminham juntas.
A melhor proteção é a que está instalada internamente, na consciência de cada um, e que se desenvolve desde cedo.

Helena Grinover e Marcia Arantes
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terça-feira, 21 de maio de 2013

Papai de quem?



















'Minha filha de quase 3 anos, há mais ou menos 6 meses,  começou a chamar o pai pelo seu nome ao invés de "papai". Por outro lado, quando estamos conversando entre nós, mãe e filha,  ela se refere a ele como "papai". O Papai dela é presente e acredito ter um relacionamento saudável com a filha. De onde será que vem essa preferência de chamá-lo pelo nome? ' Esta interessante pergunta nos é formulada pela leitora que relata a situação. 
Muitas crianças, nesse momento da vida, têm o mesmo comportamento da menininha da história: referem-se às figuras dos pais das duas formas, mostrando saber que ambas são pertinentes para nomeá-los. Ocorre-nos que, quando chamam o pai ou a mãe usando seus nomes próprios, utilizam as mesmas  denominações que o casal ao chamar um ao outro. Quando fazem isso os pequenos aparentemente deixam a posição de filhos para se colocarem nos lugares dos adultos, imitando a linguagem deles.
Trata-se do momento em que a criança se vislumbra já crescida, imagina-se na geração dos pais e exercita essa antecipação de muitas maneiras: encenando, imitando, usando as roupas, repetindo palavras...Esse faz de conta, esse jogo, não está necessariamente relacionado à ausência de um dos genitores, mas sim ao desejo de crescer. Entretanto, tudo ainda é para ela um grande mistério, não consegue entender bem o que determina a diferença do relacionamento entre os três. Haverá, portanto, uma grande investigação, onde várias hipóteses serão levantadas.
Ao longo do processo, necessário para a constituição de sua personalidade, ela sairá desse engodo em que se imagina participando do triângulo na mesma posição que os pais. Na adolescência, o caminho deverá culminar com a possibilidade  de compor outro casal...
Para criancinhas que estão nesse momento de 'pesquisa', brincadeiras sobre as várias posições na família podem ser interessantes. O papai   não é papai da mamãe; os avós sim, são  os pais do papai e da mamãe, mas o pai da mamãe, não é o pai do papai... 

Marcia Arantes e Helena Grinover
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terça-feira, 14 de maio de 2013

Mãe estressada


























Caio acaba de vestir o uniforme de seu time e, cheio de si, diz apressadamente à sua mãe: `vamos  pro campo de futebol?'. Esta, com toda calma, responde: 'primeiro nós vamos almoçar, depois descansar um pouco e aí sim, futebol a tarde toda.' O garoto insiste: 'não quero almoçar, quero ir agora'. A mãe inicia uma longa argumentação discorrendo sobre a importância de comer para ter força, as coisas que não podem ser todas feitas na hora desejada, o domingo e a família reunida, etc... O menino não recua nem um milímetro de sua posição; ela tenta mais argumentos, ele teima e a situação termina assim: uma mulher exausta, gritando 'chega!' e uma criança chorando.
Costuma acontecer  algo assim quando o adulto ultrapassa  seu próprio limite. O desgaste atinge  todos os envolvidos, inclusive os que assistem a cena.
Esses raciocínios lógicos da mãe, são uma tentativa de evitar a sua própria decepção ao decepcionar o filho; a concordância do menino funcionaria como uma confirmação de que ela é uma 'boa' mãe.
Há momentos em que argumentar torna-se inútil. Uma determinação firme deve encerrar o assunto,  mesmo que cause certa dor: 'vamos almoçar primeiro, está decidido'.
Caio tem quatro anos e está longe de se influenciar por idéias sobre a importância da nutrição no desempenho dos jogadores de futebol, ou o almoço familiar de domingo.  Para ele a espera é frustrante, mas talvez fosse mais fácil do que enfrentar esse tumulto, com a mãe completamente descontrolada. Para ela, seria menos cansativo cortar o discurso, mostrando claramente para o filho que a decisão já havia sido tomada pelos adultos.

Helena Grinover e Marcia Arantes
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terça-feira, 7 de maio de 2013

Quanto custa formar um cidadão?



Imagine um adulto sadio, bonitos dentes, inserido no mercado de trabalho, respeitado, amoroso, bom cidadão, conhecedor de seus direitos e deveres...Se repassarmos sua história de vida, observaremos, com grande probabilidade, um desenvolvimento cercado por inúmeras condições. Centenas de vezes ele ouviu frases do tipo: 'escove os dentes', 'está na hora de dormir', 'já fez a lição? tem alguma dúvida?', 'cuidado, não mexa, é perigoso!', 'não bata no colega, ele não gosta!', ´devolva o brinquedo, não é seu!', 'onde está doendo? O que aconteceu?', 'está com medo?', 'você fez certo, muito bem!', 'arrume suas coisas', 'quem é a pessoa com quem vai sair?'
Desde antes dele nascer, sua mãe recebeu os devidos cuidados. Foi pego no colo milhares de vezes, amamentado e banhado outras milhares,  comemorou aniversários, ganhou presentes, foi à escola, praticou esportes, foi ao cinema, viajou, foi ao médico, ao dentista, leu livros, foi acompanhado em  atividades sociais... Contou com pessoas atentas, que estavam dispostas a passar horas do dia voltadas para ele.
Criar um ser humano saudável nos aspectos físicos e psíquicos, requer um longo processo, demanda muito trabalho, investimento afetivo e financeiro.
Sabemos ainda que tudo isso pode acontecer e o resultado não ser um  cidadão pleno, assim como o contrário. Não há garantias e é inescapável. Promover esse investimento e proteger os 'cidadãos em formação' por todos os meios, é função da sociedade. Negligenciar a atenção à infância e adolescência, dificultando o uso de recursos coletivos para essa finalidade é, este sim, um ato de extrema violência, que não tem merecido o devido destaque!





terça-feira, 23 de abril de 2013

Adolescentes assassinos ou assassinados?


























O debate em torno da diminuição da maioridade penal como forma de combater a criminalidade entre os jovens, joga uma cortina de fumaça neste grave problema social.
Há um risco de completo insucesso no combate à violência, caso continuemos a focar sob esse prisma, como propõem as bandeiras ideologizantes de alguns políticos e que tomaram conta dos pensamentos nas ultimas semanas.
Mergulhadas na questão da punição dos jovens como adultos, as pessoas desviaram  o olhar  do que revela essa criminalidade. Permanecem escondidas as mudanças efetivas que precisam ser encaradas para diminuir crimes violentos, como este que nos horrorizou,  realizado para roubar um celular... 
Para entender quem são os adolescentes criminosos que despertaram o debate atual, é preciso considerar a segregação dos cidadãos nas periferias urbanas, as poucas políticas públicas dirigidas a eles, a falência da educação, da polícia, da justiça e a desigualdade de participação no bem estar comum que tudo isso ocasiona. Sem alterar estas condições, não se avança na desmontagem desta fábrica de violência  gerada por nossa organização social. Para testemunhá-la basta olhar para as matanças nos bairros periféricos de São Paulo no último ano.
O que pretendem alguns políticos é criar uma armadilha para nos afastar da discussão de suas más administrações e do modelo social que defendem, é criar a falsa impressão de que estão sendo cogitadas medidas acertadas contra a situação de calamitosa  insegurança e mal estar.
Não vamos nos iludir deixando diminuir a urgência em torno de mudanças profundas e amplas,  que realmente trariam mais segurança a todos.
Há experiências muito bem sucedidas de queda significativa na violência  entre jovens por meio da implementação de projetos sociais e educativos, destinados a dar a eles esperanças e realizações concretas de seus desejos de melhoria de vida (vide link abaixo). Por que não colocar nossa atenção sobre essas conquistas e batalhar para que sejam ampliadas?

www.ipea.gov.br/desafios/index.phpoption=com_content&view=article&id=1412:catid=28&Itemid=23

Helena Grinover e Marcia Arantes
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segunda-feira, 15 de abril de 2013

É meu!!!



























Algumas crianças, por volta de 3 anos de idade, estão brincando na areia, sob os olhares das mães, amigas entre si. Os apetrechos da brincadeira, baldes, pás e forminhas, pertencem a uma delas. Tudo parece harmônico até o momento em que uma garotinha, sem que os adultos saibam exatamente porque, resolve retirar os objetos, até então coletivos, com a famosa frase: ' É meu, não quero que você pegue!' ' Só a Bia pode pegar, você não, nem o Vitor'. A paz se dissolve: uns choram, outros resistem, outros se vangloriam por serem escolhidos... E as mães, não sabem o que fazer. Ficam meio constrangidas, tentando se desculpar....
As crianças passam por diferentes momentos em relação à posse de objetos. Os menores,  até aproximadamente 2 anos, não têm noção de 'meu e seu'. Apegam-se, muitas vezes, àquilo que estão segurando, mas sem a ideia de que lhes pertence.
Por volta dos 3 anos, principia a noção de que as coisas 'pertencem' a alguém, o que contribui para fortalecer a criança na sua identidade. Os objetos que ela possui a ajudam  a se perceber como uma pessoa diferente das outras, eles fazem parte de sua existência individual. Com esse entendimento vem também  o risco de perder e, de agora em diante, haverá uma fase em que ter ou não ter despertará fortes sentimentos e reações.
Algumas poderão ter mais dificuldades em momentos como esse da nossa história e, nestes casos, convém não forçá-las, pois isso complicará o aprendizado de atitudes de colaboração e generosidade, que dependem de condições psíquicas constituídas em tempos distintos para cada um.
É desejável que os adultos possam admitir filhos ou alunos que sejam `egoístas` por um certo período , que  ocorram certas choradeiras por causa de brinquedos não compartilhados...Para isso, é importante  perceber que essa dificuldade é própria do desenvolvimento até aproximadamente os quatro, cinco anos. A partir daí, os nossos futuros cidadãos podem começar a apresentar maior tolerância e desprendimento no intercambio social e pode- se solicitar mais deles.

Marcia Arantes e Helena Grinover

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terça-feira, 9 de abril de 2013

Tempo para os adultos



















Em matéria publicada pelo caderno Equilíbrio do jornal Folha de São Paulo no dia 12 de março de 2013, nos chamou a atenção o comentário de uma das entrevistadas. Referindo-se à vida das mães que gira em torno dos rebentos, ela disse : 'Eu estava preparada para isso quando decidi ser mãe. Mas faz falta ter uma vida social que não os inclua'. 
Sabemos que muitos adultos desejam ardentemente ter um tempo sem os pequenos para conversar com amigos, passear, viajar. É frequente que esses desejos sejam acompanhados de sentimentos de culpa, como se revelassem pouco amor pelos filhos, falta de responsabilidade, rejeição. As atividades profissionais, muitas vezes, são usadas como uma justificativa que aplaca as auto acusações. Entretanto, essas recriminações são muito questionáveis.
Estar junto dos filhos é exercer o papel de proteger, cuidar e civilizar ininterruptamente. 
As crianças fazem sempre inúmeras solicitações que, conforme o momento, tem de ser atendidas, moduladas ou negadas. Trata-se de frustrar ou realizar anseios que o adulto frequentemente ainda carrega consigo. Os pequenos trazem de volta nossa infância. Numa espécie de contramão do tempo, nos despertam fortes emoções e não é possível ficar  indiferente à criança.  Daí o custo de ficar  responsável por seu destino horas e dias a fio. 
O encontro com outros adultos, sem filhos para tomar conta, permite sair desse lugar e soltar os próprios impulsos de rir, falar, brincar, desejar, entre 'gente grande'... 
É extremamente necessário esse tempo para que os pais possam recarregar as energias psíquicas que os põem novamente disponíveis para os pequeninos. Trata-se de encontrar a melhor dose, para cada um, desse jogo do estar junto e separado...

Helena Grinover e Marcia Arantes

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terça-feira, 2 de abril de 2013

Questão de autoridade!



















A mãe de Julio, garoto de seis anos, está desesperada com as desobediências do filho: 'eu agora digo que vou bater se ele não me obedecer, mas não posso fica batendo o tempo todo. Às vezes, nem isso adianta, ele já sabe que nem sempre eu bato'.
A mãe de Camila responde: 'eu digo que vou falar para o pai dela e funciona'.
Após os cinco, seis anos aproximadamente, as crianças precisam mostrar certa capacidade de mudar de atitude apenas por meio de palavras. Por exemplo, dizer: 'estamos no cinema, aqui não se pode falar alto' ou 'as visitas se servem primeiro', deve ser suficiente para que procurem se comportar.Quando isso acontece, podemos dizer que a criança reconhece uma autoridade.
Privilegiar a linguagem na busca do entendimento e da aceitação dos limites, é absolutamente necessário para educar um ser humano para a convivência social.  
Caso não haja sinal desse avanço, o desenvolvimento e a sociabilidade podem ficar prejudicados. Todos nós já vimos aqueles pequenos `diabinhos´ indesejados, que não se integram em lugar algum.
As mães do Julio e da Camila adotam maneiras muito diferentes de educar. Aquela que ameaça bater não introduz na sua conversa com o filho uma outra pessoa, ou um conjunto de regras que ele deva respeitar. A situação fica apenas entre ela e ele, sendo que precisa sempre dominá-lo por meio de sua força física, no corpo a corpo. Isso, ao contrário do que se almeja, pode aumentar a desobediência. 
Já a mãe da Camila não precisa usar  a força física. Ela utiliza  o pai de sua filha como uma  referência que a apoia. Estabelece-se assim uma autoridade, que não precisa ser necessariamente o pai da criança: é alguém reconhecido e respeitado sem que precise estar  de corpo presente, basta que esteja em palavras...

Helena Grinover e Marcia Arantes
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terça-feira, 19 de março de 2013

Quando ele crescer...

















Algumas crianças, cujas idades variam de 2 a 3 anos, estão brincando. São observadas por tios, avós e pais que tecem comentários sobre as brincadeiras. 'O Pedrinho, adora desmontar carrinhos. Esse vai ser mecânico!' 'E a Manu com o pianinho, tem jeito para artista!' ' Nossa! Aquele é bravo, gosta de mandar, vai ser líder!' E por aí seguem as observações a respeito do futuro desses cidadãos...

Muitas vezes os adultos, desde muito cedo, identificam características nos bebês e projetam essas habilidades para seu futuro. Gostam de visualizar esses pequeninos crescidos, desenvolvendo seus talentos, ou se aproximando dos anseios familiares. Isso é importante para a criança, na medida em que essas formulações vão fornecendo a ela elementos para que construa  uma noção de que vai crescer,  já tem um lugar reconhecido, uma existência no mundo...
Por outro lado, quando essas atribuições são frequentes e se repetem, podem restringir os interesses da criança, no lugar de ampliar sua visão. As escolhas de trabalho  vão depender de muitos fatores que só se cristalizarão após a adolescência. 
As brincadeiras infantis são um exercício de apreensão do mundo, e de expressão de fantasias e sentimentos, que pouca relação estabelecem com as ações da vida adulta. Dar a essas atividades o nome de 'ser mecânico', ou 'ser musicista', restringe e altera suas finalidades. Quando o Pedro desmonta carrinhos, está a quilômetros de distância do que faz um mecânico. Pode ser, por exemplo, que ele esteja exercendo sua curiosidade a respeito do que há no interior das coisas, do que está escondido. E isso pode levá-lo a muitas outras possibilidades de investigação...
 A Manu pode ter muito jeito para tocar piano, mas tem também uma série de outros interesses que não são  valorizados pelos adultos que a cercam. Com isso, suas alternativas ficam cerceadas.

Marcia Arantes e Helena Grinover

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terça-feira, 12 de março de 2013

A criança procura sua `tribo´

























Rose, garotinha de 4 anos, nasceu fora do Brasil. Conversando com familiares que moram aqui, referiu-se a uma menina que conheceu no país onde vive, com a seguinte frase: 'ela fala como a gente'.
O comentário é notável, pois ilustra a maneira como esta criança, que vive em um país estrangeiro, define a nova amiga. Os pequenos estabelecem relacionamentos procurando pontos de igualdade que aproximam: ' conheci um menino na festa, ele tem uma bicicleta 'igual a minha'. Ou então: 'aquele é o meu colega, ele também tem um cachorro'.
Estas comparações servem para entender quem é quem. A escolha do critério utilizado para isso mostra o que cada criança percebe como sendo 'a marca da pessoa' em determinado momento. Para Rose, o que é relevante e chama logo sua atenção é a língua falada pela outra. Ela indica, com essa observação, que se sente parte de um grupo distinto da maioria, embora também reconheça que pertence aos círculos formados pela escola, bairro onde mora, país em que vive, onde pode encontrar amigos que falam a outra língua.
Para a criança é muito importante descobrir a 'tribo' a que pertence. Isso é fundamental para constituir sua personalidade, formar uma noção de si mesma. Os pequenos olham bastante para as aparentes diferenças ou semelhanças em relação aos outros. Podemos dizer que ficam buscando ver neles o que pertence ou não à sua comunidade, se há algo em comum ou não.
É interessante ouvir o que dizem sobre esse trabalho que fazem com grande empenho, pois ele revela como a criança pensa e sente a sua identidade.

Helena Grinover e Marcia Arantes

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quarta-feira, 6 de março de 2013

Escola e pais: jogo de empurra.






















Na saída da escola, duas mães conversam: "A professora me chamou e disse: 'seu filho não está estudando'. Então eu perguntei: `e o seu aluno está?'..." Ambas riem e continuam os comentários sobre deveres, reclamando da escola num tom de desagrado. 
Esta mãe, nitidamente, sentiu-se cobrada, e devolveu na mesma moeda a responsabilidade. Trata-se de uma confrontação que parte do pressuposto de que, se algo não vai bem, há de haver um incompetente na história: são os pais ou a escola...
Estabelece-se uma relação de rivalidade e fica formado um jogo em que todos saem perdendo. A professora, sem possibilidades de ação, perde o diálogo com os pais, que deixam de assumir sua parcela. Ao usar o tratamento `seu filho´ a mestra já começa uma confusão quanto às diferentes posições ocupadas pela criança. Esta, principal perdedora, fica sem lugar: nas palavras da escola é situada como ‘filho’ e por sua mãe é chamada de ‘aluno’. Provavelmente, o destino dessa conversa seria outro se a professora dissesse algo como: o ‘fulaninho’, não está estudando. O que podemos fazer?’
Para que a família e a escola possam chegar a um acordo de colaboração é necessário, antes de mais nada, que o desempenho do aluno deixe de representar o sucesso ou fracasso de um dos participantes do processo educacional. Desta maneira, os sentimentos individuais, sempre difíceis de enfrentar, podem se deslocar e dar espaço ao trabalho comum, voltado para a criança. Nossa sociedade tem colaborado para  aumentar essa dificuldade, esvaziando o prestigio dos professores e sobrecarregando os pais nesse 'salve-se quem puder' da atualidade. 
Apenas a partir de uma conversa entre pessoas que estejam tranquilas com seus próprios limites e frustrações é que surgirão soluções criativas e responsáveis.

Marcia Arantes e Helena Grinover

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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Mentira de criança




















O psicanalista Contardo Calligaris, em sua coluna no jornal 'A Folha de São Paulo' do dia 21 deste mês, ao expor suas idéias sobre os efeitos da tortura, refere-se à maneira como alguns pais lidam com 'mentiras' de   suas crianças. Diz ele a certa altura: 
" Quase sempre, quando uma confissão é exigida, as crianças mentem com obstinação diretamente proporcional à de seu acusador. Elas fogem assim de uma humilhação radical, em que renunciariam à sua própria subjetividade: desistiriam de ter segredos e aceitariam que a versão do acusador substituísse a versão que elas gostariam de contar como sendo a história delas. Claro, se você insistir, ameaçando a criança com punições cada vez mais requintadas, a criança talvez 'confesse', mas a confissão será apenas um ato de desistência, em que mesmo o inocente se dirá culpado do jeito que o acusador pede".

Concordamos com essas afirmações. Entretanto,  pais e educadores que desejam criar futuros cidadãos comprometidos com a verdade, se preocupam com a conduta ética das crianças. Com razão, sabemos dos males causados na sociedade pelas palavras usadas para encobrir e falsear. 
Para refletir sobre essa questão, podemos caminhar mais um pouco e pensar que ao acolher a insistência das crianças, especialmente as menores, em manter suas ´mentiras´, os adultos estão respeitando na ´verdade´ sua integridade psíquica. Se ela ainda não pode abrir mão das próprias versões sobre os fatos, é porque isso  atingiria profundamente seu valor pessoal. É esse respeito que favorecerá, mais tarde, a capacidade e a coragem do indivíduo para ser mais honesto. Pessoas que foram submetidas, ´dobradas´, têm motivos para não saber expressar o que pensam e temer o confronto com seus semelhantes. Portanto, tendem a ser mais dissimuladas, ´mascaradas´. 
O modelo de honestidade que a criança precisa ter para ocupar uma posição ética, está na atitude dos educadores, na maneira como resolvem as situações sem exercer violência moral. Mesmo quando a criança não tem condições de assumir uma confissão, deve ser chamada, de acordo com sua idade, a corrigir ou consertar o dano que causou.  Isso a responsabilizará, mantendo sua dignidade.


Helena Grinover e Marcia Arantes

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 Referência: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/contardocalligaris/1233770-para-que-serve-a-tortura.shtml


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Choro de criança







'Minha filha de 2 anos e meio gosta de acordar a noite e vir para o nosso quarto. Gostaríamos de deixar a porta do quarto dela aberta para que ela aprendesse a ficar na sua cama sem que precisássemos fechar a porta, mas se deixamos aberta ela vem. Quando a porta está fechada ela nos chama, chora e quer água ou qualquer atenção. Isso durou quase um mês toda a noite, até que uma noite, já cansados, falamos para ela em tom bravo que era hora de dormir e que a água estava ao lado como sempre e que ela poderia tomar sozinha. Ela chorou por quase uma hora, mas não acordou mais desde então. O que vocês pensam de deixar chorar?'

Essa história nos é contada, muito generosamente, por uma leitora que comenta nosso post 'Dormir de porta fechada'. A resposta à sua pergunta não é simples: há choros e choros... Choramos por tristeza, raiva, alegria, exaltação, perda, vergonha, desespero, dor. Impossível passar pela vida sem chorar!
E há, também, diferentes consequências. É desejável sair de um momento de pranto, melhor do que se entrou: com certo alívio, uma alteração na maneira de enfrentar as emoções, criando algo de novo no universo mental.
Diante de uma criança que chora, seria bom usar a sensibilidade para avaliar se ela está caminhando no sentido de se acalmar, ou se está entrando em desespero cada vez maior. Nesse caso, a vivência de desamparo será tão grande que não permitirá o surgimento de novidade alguma que a enriqueça. Os adultos que convivem com ela poderão acompanhar esses processos e observar as mudanças para decidir o quanto ' vale a pena' deixar chorar...
De qualquer modo, é importante que os educadores não se intimidem com o choro, deixando de colocar restrições que consideram importantes para evitá-lo. Isso poderia levar a criança a usar as lágrimas para obter o que deseja.
A menininha da história, ao que tudo indica, saiu-se muito bem da situação. Provavelmente, criou condições emocionais para permanecer em seu quarto.

Marcia Arantes e Helena Grinover

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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Obesidade, é injusto culpar os pais.


















O fenômeno da obesidade infantil tem sido tratado frequentemente como uma questão apenas de responsabilidade, ou, o que é pior, de culpa dos pais. No filme que vamos hoje divulgar, fica claro que estamos diante de um quadro composto por fatores sócio-econômicos poderosíssimos!
Segundo pesquisa da Prof. Flávia Maria Lacerda Felippeo nosso modo de produzir riquezas, baseado no consumo, leva as famílias a comprarem mercadorias que propiciam o sobrepeso. Os alimentos  inadequados à boa nutrição são apresentados de maneira extremamente sedutora, iludindo especialmente as crianças.  Por outro lado, os produtos que combatem o resultado dessa disfunção no corpo, também são propagandeados e vendidos. Forma-se assim o ciclo do mercado ligado à obesidade. Graças à existência de obesos, as drogas para emagrecer, os equipamentos de ginástica, as aulas nas academias, as fórmulas e dietas miraculosas têm seu lugar nesse jogo perverso...
Se estamos falando de uma situação social, diz ela, cabe a todos nós sairmos da alienação e assumirmos  nossas responsabilidades diante do sofrimento que os pequenos cidadãos e suas famílias carregam, enfrentando preconceitos, rejeições e injustiças.  
Concluímos que  é urgente promover uma real mudança de hábitos. Pais, professores, diretores de escolas, orientadores pedagógicos, precisam combater os significados do ato de comer que provêm das mensagens publicitárias. É necessário criar e ensinar novos conceitos sobre alimentação e consumo.
Vamos mostrar às nossas crianças que a felicidade não está em obter determinado lanche, brinquedo, suco, refrigerante, bolacha...

Para assistir o excelente filme clique aqui











quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Vamos combinar?



'Nós tínhamos combinado que você só comeria chocolate depois de almoçar, lembra?' 'Você combinou comigo que não bateria mais no seu irmão'. 'Vamos combinar de assistir TV apenas uma hora por dia?'
Frases como essas se multiplicam nas conversas de pais e educadores com as crianças. Os adultos esperam, muitas vezes, que a palavra 'combinar' ajude a fazer valerem as regras, mas essa não é a maneira mais apropriada de utilizá-la. 
Combinar significa chegar a um acordo, estabelecer um pacto que atende aos objetivos de ambos. Entretanto, especialmente com as pequeninas, os limites devem ser estabelecidos pelos adultos, e trata-se de fazer com que estas os aceitem, mesmo sem os desejarem.
Se para isso eles utilizam a palavra `combinar´, camuflam as situações nas quais deveriam exercer claramente seu papel de autoridade. Assim confundem a criança, não a ajudam a  perceber as circunstâncias em que, de fato,  pode participar das decisões. 
A capacidade de reconhecer e respeitar pessoas que estão no lugar de autoridade é fundamental para a construção da cidadania. Ela será a base para que o individuo possa também, mais tarde, exercer a sua autoridade como cidadão ativo, conhecedor de seus direitos e deveres. 
Lembro-me de uma cena em que a mãe, exasperada, dizia para a filha de oito anos: 'Nós combinamos que você iria guardar os brinquedos, certo?' E a filha, sabiamente, responde: 'Combinamos não, mãe, você que mandou.' Essa menininha entendeu claramente a diferença!

Marcia Arantes e Helena Grinover

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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Não são todos amiguinhos



















No restaurante, está um menino de três ou quatro anos, quando entra um casal desconhecido acompanhado de outro garotinho mais novo. Este se aproxima do maior, o agarra, apoia a cabecinha no seu peito e fica ali, parado. A mãe do pequenino com a voz um tanto forçada diz: 'você está abraçando o amiguinho!' O mais velho, visivelmente constrangido, meio assustado, fica paralisado e sem saber como sair do 'abraço'. Ele olha para a mãe do menor, mas não recebe ajuda. Finalmente se solta, e aflito corre a se enfiar entre as pernas da sua própria mãe.
Na infância, esses comportamentos aparecem nua e cruamente, pois as crianças, especialmente as pequeninas, ainda não sabem como controlar seus ímpetos. Entretanto, a atitude de pais e educadores, que procura encobrir a situação dizendo que são impulsos amorosos, confunde e não ajuda a criança a adquirir conhecimento de si mesma e dos outros. Para constituir sua personalidade e tornar-se um ser social, ela precisa saber reconhecer quando seu desejo não é bem recebido, e aprender a respeitar a recusa do outro.
O hábito de fazer as crianças chamarem todas as outras de 'amiguinhos', apaga as preferências, misturando os sentimentos de amor com o coleguismo ou relacionamentos de outra qualidade.
Neste início de semestre escolar é bom lembrar que amigos são escolhidos em algum momento, colegas não. Uma excelente diretora de Centro de Educação Infantil diz o seguinte: 'todos devem respeitar seus colegas, mas nem todos serão amigos'.
A mãe do pequeno menino no restaurante o ajudaria a perceber melhor a si e ao outro e, talvez, iniciar um relacionamento amigável, se tivesse lhe dito algo como: ' solte, ele não está gostando.'

Helena Grinover e Marcia Arantes
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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Qual é o valor da paternidade?


























Na última semana, uma notícia publicada na primeira página dos jornais nos surpreendeu. O STJ, em decisão inédita, reconheceu o direito de uma filha ser indenizada pelo pai que a abandonou na infância e adolescência. Não nos cabe considerar os méritos legais, ou ponderar sobre a estranheza de ver 'abandono afetivo' ser traduzido em uma quantidade de dinheiro. O que nos interessa é refletir sobre os efeitos desse julgamento.
Se os juízes, amparados na lei, decidem que um filho deve ser recompensado pelo prejuízo de ter um pai ausente, a presença paterna fica valorizada.   Desta vez ganhou inclusive destaque como um assunto de interesse público.
No caso, o pai teria alegado que a atitude agressiva da mãe em relação a ele motivou o afastamento.  De fato, muitas vezes os pais encontram resistência por parte das mães quando desejam interferir na educação  dos filhos, nos limites, nos hábitos, nos relacionamentos, nos horários... Há os que insistem e participam, outros cedem e entregam a tarefa às mães, o que os afasta do contato com as crianças. Isso termina  por privá-las da sua contribuição  que poderia oferecer outro modelo de  vida além do materno.  
Na nossa cultura, as mulheres são levadas a uma posição social em que os filhos se tornam o objeto maior de realização, e os homens, frequentemente, são colocados como coadjuvantes, ou são reduzidos apenas a mantenedores econômicos.
Entretanto, sabemos que dois adultos fortalecidos em seus papéis diferentes, de pai e de mãe,  são uma referência importante para a estruturação psíquica dos pequenos. Portanto, mesmo que tenham que enfrentar  resistência por parte das mães, os pais devem  ocupar o seu lugar.
A responsabilidade paterna já era reconhecida na Constituição brasileira como um direito das crianças. Agora vemos esse reconhecimento garantido por um juíz que inclui no processo considerações sobre a  presença do pai para além das obrigações econômicas.
 Bom seria que essa decisão soasse aos ouvidos  de pais, mães e educadores  como alerta para iluminar o significado, por vezes meio apagado,  da figura paterna,  que é um dos pilares da constituição psíquica infantil.

Marcia Arantes e Helena Grinover

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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O bebê já vai para a escola!



Daqui a alguns dias, muitas mamães e papais de todo Brasil  viverão uma experiência marcante: seus filhotes irão para a escola pela primeira vez! Querem ter confiança de que seu filho será muito bem cuidado, de preferência... como se estivesse em casa! É esse o grande desafio que enfrentarão, pois escola é diferente de casa!!!
A entrada na escola inaugura a vida no espaço público, quer dizer, onde a criança é uma entre outras em condições de igualdade. Ela terá que seguir regras comuns a essa coletividade e aprender a conviver com seus pares para que possa pertencer ao grupo social. As crianças variam na forma de reagir a essa nova proposta, mas são esperados choros, resistência a ficar sem a presença da mãe, inibições, alterações no comportamento em casa.  Será muito bom que a mãe aceite com  tranquilidade essas resistências.
Numa boa escola, a adaptação será feita da forma mais suave possível, respeitando e mantendo, a princípio, aspectos da rotina da criança. Aos poucos, ela fará a passagem dos sentimentos de segurança emocional, tranquilidade e conforto que experimenta, quando está no ambiente caseiro,  para a escola e para as pessoas que lá a acolhem. Levar para o  novo espaço objetos aos quais é apegada, como bichinhos, travesseiro, a ajudará a fazer essa mudança.
É importante que a mãe acredite na competência da pessoa para a qual está entregando seu filhote. O olhar confiante dos adultos aos quais a criança está apegada, será a ponte que permitirá que essa travessia se concretize.

Marcia Arantes e Helena Grinover

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